Esses dias meu professor da pós afirmou que a evolução tecnológica está chegando a tal ponto que as aulas de gramáticas não serão mais necessárias no futuro. Que as próximas gerações não precisaram saber – e não terão interesse em aprender – o que é uma próclise ou mesóclise, por exemplo. Ele constatou isso dizendo que num futuro próximo os corretores ortográficos vão fazer isso automaticamente, a pessoa sabendo ou não escrever corretamente. “É a revolução tecnológica”, disse ele.
Discordei plenamente dessa afirmação, pois como jornalista acho que devemos preservar a escrita correta, independentemente do tipo de profissão. A tecnologia pode ajudar em muitos casos. Confesso que uso sites com ferramentas para corrigir a grafia. Afinal, estamos falando da Língua Portuguesa e suas milhares de regras. A questão é que não podemos achar que por existirem ferramentas que facilitam o dia a dia da escrita, isso substituirá a aprendizagem.
Em parte até concordei com o meu professor, pois ele também afirmou que o nosso atual modelo de ensino está ultrapassado. De fato, não podemos ignorar que uma criança hoje tem muito mais acesso a tecnologias do que há 20 anos. E que isso muda a maneira como as crianças encaram a realidade escolar. Mas um Google tradutor, por exemplo, dificilmente conseguirá se sobressair ao nosso pensamento lógico, pelo menos por enquanto.
Talvez eu tenha um pensamento conservador com relação à educação. Por mais que eu não me recorde de boa parte dos ensinamentos das minhas aulas de Português, no ensino fundamental lembro de que eu adorava fazer os exercícios de morfologia. A professora passava a frase no “quadro negro” que, na verdade, era verde – e na época muitos professores ainda chamavam de lousa – e pedia para identificar na oração o sujeito e o predicado. Mesmo com alergia ao giz branco, era uma felicidade quando acertava o exercício e ganhava uma estrelinha no caderno. Bons tempos.
Luanda Fernandes