A querida Bia – ainda jovem, mas com muitas coisas para contar já – comentou no último post do blog (não leu? Esse aqui) sobre como as coisas mudam sem quase mudar nada. Uma visão dela, no auge da juventude aos 23 anos, sobre a espera por algo que ainda não conhece e o condicionamento da felicidade a momentos futuros.
Eu e os meus jovens 34 anos – a oposição fará questão de afirmar que estou perto dos 40 (levianos, óbvio; matematicamente estou mais perto dos 30) – talvez contribuam para acalmar o coração dela. Prometo tentar exercitando um pouco do meu egocentrismo com um depoimento pessoal.
Já passei por esse momento que parecia mais como um coelho correndo atrás da cenoura. Na verdade, eu acredito que muitos continuam nesse movimento (sem relação com a idade). Acredito que a ficha acabe caindo em momentos diferentes para cada ser humano. Afinal, somos seres com personalidades e experiências individuais.
Eu mesmo passei por vários momentos até os meus 26 anos. Várias. Algumas bem complicadas para alguém ainda muito jovem (para a minha experiência de vida na época e dentro do que eu julgo complicado). Eis que apareceu uma professora que me ajudou – e me tirou da zona de conforto – a evoluir muito nesse sentido. Muito, mas ainda não era o suficiente para deixar de ser o coelho correndo atrás da cenoura.
Passei por outros tantos desafios no âmbito pessoal e profissional. Até a virada em 2017. Foi quando tudo mudou. A chave foi virada e o meu olhar sobre a vida mudou. Não foi fácil. Nem um pouco. A minha visão de mundo se transformou e tive uma guinada em todos os aspectos pessoais e profissionais. São feridas que ainda estou lambendo para cicatrizarem plenamente. O tempo vai tratar de cuidar delas plenamente. Mas a ficha caiu e o que fica é a transformação.
Aprendi a viver no presente e não num futuro que estamos construindo no agora. Se vivemos no futuro, como vamos criá-lo no presente? É impossível erguer uma casa começando pelo teto. Precisamos começar pela fundação. E isso é só no agora. O prazer da conquista no futuro passa por aproveitarmos cada segundo do presente. Errar e acertar, ser feliz ou ficar triste, agir e sonhar. Tudo isso faz parte do processo do agora. Somos seres que mudam diariamente e viver isso faz parte da construção da nossa essência e da nossa felicidade.
Ser feliz não é apenas o ser alegre e estar sorrindo. Ser feliz é viver o pacote completo.
Até pouco tempo atrás eu tinha a sensação de estar sempre buscando algo que ainda não tinha alcançado. Queria ter um bom emprego. Consegui. Depois condicionei a satisfação a uma promoção ou cargo superior ao objetivo inicial. Desejava um carro que fosse o suficiente para levar (eu) a mim e a minha família de um lado para o outro. Consegui também. Depois pensei que o que eu precisava era um carro com mais espaço, potência e tecnologia. E o raciocínio acabava servindo para quase tudo e atrelado ao material e tangível. Tudo isso acabava trazendo aquela sensação do estar buscando algo e a insatisfação. Parecia que eu estava como o Adam Sandler no filme Click (bom ou ruim, ele tem uma moral de fundo). Havia perdido a minha essência.
Hoje eu sou grato e muito feliz – e não apenas pelas coisas que temos. Sou feliz e grato pelo que sou como ser humano. Pelas minhas experiências. Todas elas. Na verdade, essa era a cenoura o tempo todo e eu não conseguia perceber. Conseguir ser o que quero ser e do jeito que quero ser. Essa mudança tornou possível que eu viva e sinta o presente. Sinto cada detalhe como se fosse um super-herói como o Homem-Aranha e tenha a hipersensibilidade dele. Mas não sou super nada, ok? Sou de carne e osso.
E não estou sozinho nessa. A minha professora, uma mulher daquelas e que me ensina todos os dias, está nessa comigo. Juntos somos mais fortes.
Por isso vou ser um pouquinho metido para dar um recado para todas as Bias que existam por aí:
Desfrute do presente e tudo o que ele dá. Viva o bom e o ruim, o fácil e o difícil, o doce e o amargo. Viva e sinta. Não abra mão dos sonhos. Lute por eles. Transforme-os quando precisar. Tenha ambição, sim. Ambição de ser alguém em plena mutação e aberta para o que a vida dá. Isso faz parte da jornada e é o que lhe confere esse sabor especial. O resto será consequência do que você é. E se uma porta estiver fechada ou emperrada, saiba que há outras que levam para o mesmo destino por outros caminhos.
Com essa coleção de frases de para-choque de caminhão é que termino o meu post de hoje. Esse sou eu, errando e acertando.
Beijinhos,
Wellington