Fazia tempo que a gente não tinha inflação. Convivo com um monte de gente que não faz a menor ideia do que era fazer supermercado na época em que os preços chegavam a aumentar enquanto você dava as costas para a prateleira. Era um tal de receber o salário, duas vezes por mês porque a defasagem a cada quinze dias destroçava com o valor do dito cujo, e sair correndo fazer uma compra gigantesca. Dois, três carrinhos cheios. Fila espetacular. Estoque de leite condensado, produto de limpeza, qualquer não perecível que aparecesse pela frente.
Lembro que, no final da década de 80, quando voltava de um intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos, recebi da aeromoça um jornal brasileiro. Tinha um encarte da Americanas. Passei um tempão fazendo a conversão da moeda nacional da época e tentando decifrar se o que estava anunciado era barato ou caro. Não consegui descobrir.
Também não acho bacana ir ao supermercado hoje, fazer uma compra grande e ouvir da mulher do caixa que fazia tempo que ela não via um carrinho tão cheio. Mas minha memória só me faz pensar que tudo vai dar certo.
Beijos,
Karin Villatore