20
nov

Viva Lobão e Bolsonaro; impeachment e intervenção militar já!

Antes de iniciar de fato este texto algumas questões importantes precisam ser esclarecidas. A primeira delas é: o título do texto contém uma generosa dose de ironia! O segundo ponto é: essa não é uma questão partidária e não é um debate de ideologias políticas.

Duas manifestações recentes aqui em São Paulo chamaram muito a atenção nas últimas semanas. A primeira delas aconteceu no dia 1.º de novembro e reuniu cerca de 3000 pessoas, uma semana após a reeleição da Presidente Dilma; a segunda no último sábado, dia 14 de novembro e, segundo algumas informações da polícia militar e de alguns veículos de informação, reuniu entre 5 e 10 mil pessoas . Em comum nos dois protestos estavam os gritos contra o resultado das eleições presidenciais, o pedido de impeachment da Presidente Dilma e, pasmem: alguns desses manifestantes imploravam por uma intervenção militar já para afastar “a ameaça comunista” (já viram esse filme antes?).

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Há exatos 50 anos, em 1964, o Brasil passou por um golpe militar. A intervenção era, em tese, temporária, apenas para colocar ordem na casa e afastar uma tal ameaça comunista (cá entre nós, ameaça que nunca foi uma ameaça de fato). Mas a tal intervenção virou ditadura e durou sofríveis 21 anos!

O governo militar “salvador da pátria” calou, torturou e matou sem o menor constrangimento, centenas de brasileiros. Fora mais de 350 mortes confirmadas, mais de 25 mil presos e 10 mil exilados.

Pois bem… 50 anos depois lá estavam alguns brasileiros pedindo pra que a ameaça comunista seja expulsa do país. Entre eles os assustadores Eduardo Bolsonaro (filho do Jair Bolsonaro) e o cantor Lobão (que fez discursos de extrema direita, mas quando viu que a coisa estava ficando muito feia, passou a dizer que é contra qualquer tipo de intervenção militar).

As milhares de pessoas que foram gritar contra Dilma e pediram a tal intervenção militar só não entendem o quão incoerentes estão sendo.  O discurso é de que o governo atual é antidemocrático, que as eleições não foram justas e que um golpe de esquerda está sendo planejado. A partir disso então pedem uma ação ainda mais antidemocrática pra resolver a situação?

Nos dois protestos o deputado absurdamente recém-eleito, Eduardo Bolsonaro berrou aos microfones que os militares não batem em quem não faz besteira e puxou gritos de “Viva a PM”. Quer dizer que todas aquelas pessoas que na ditadura militar gritaram por liberdade e democracia e depois apanharam feito condenados estavam fazendo besteira? A liberdade para protestar que essas mesmas pessoas têm hoje só existe porque durante a ditadura outras pessoas “fizeram besteira” e deram a cara a tapa. Aliás, seu Bolsonaro foi à manifestação lá do dia 01º, fez seu discurso too irônico e radical, e foi flagrado com uma arma na cintura. Pra quê a arma na cintura, meu vilão???

Não acredito, sinceramente, que um golpe militar será imposto, mas o número de pessoas (desinformadas ou não) que clamam pela intervenção é muito grande e isso é lamentável. O discurso de hoje é muito parecido com o discurso apoiado por muitos em 1964. O resultado foi horroroso e o país inteiro deveria ter vergonha dessa página na história. E não me venham com aquela história dita por algumas pessoas mais velhas de que “no tempo dos militares as coisas funcionavam, havia menos violência e corrupção”. Isso é uma besteira enorme até porque com a censura que era imposta aos meios de comunicação, a população não ficava sabendo de nada ruim que acontecia no país.

Pode deitar sua cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. O país pode ficar bom ou ruim, mas certamente não vai virar Cuba ou Venezuela.  Tá na hora da galera parar de embarcar em qualquer coisa que vê na internet e, principalmente, parar de gritar por coisas que não têm a menor noção das consequências!

Lucas Reis

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