Costumo chamar o meu pai, que é magro, de Gordo. E sempre que escrevo um email pra ele fico observando o quanto a palavra lembra o que ela representa. G O R D O. Quase todas as letras são redondas, as únicas vogais são uma bola, todas as consoantes têm espaços gorduchos. Talvez a única falha de quem inventou o G O R D O foi ter se esquecido de colocar, em algum lugar, a letra B, que considero um símbolo da protuberância.
Do outro lado da fofura destaco as palavras terminadas – ou recriadas – com a letra i. Leia a frase abaixo:
Coisa mais linda do mundo.
Agora, na versão Bambi bebê:
Coisi mais lindi di mundi.
Entendeu a diferença?
E dessa viagem reflexiva me vem à memória outra fantasia do idioma: as palavras que imitam os sons. Zumbido, gemer, cacarejo, miar, chiar, urro, grunhir, assobio, murmuro, chuva, sussurro, xixi. Os gramáticos e os estudantes de cursinho pré-vestibular dão o nome chique de onomatopeia pra essas figuras de linguagem.
Meio que juntando – e retomando – as duas ideias acho que GORDO, além de graficamente dizer a que veio, tem som de tamanho grande. Que nem malemolência. Mas aí, se este post for entrar nessa conversa da fonética, eu teria muiNta coisa a escrever. Então, melhor parar por aqui.
Beijos,
Karin Villatore