As pessoas, eu entre elas, gostam de significar datas. Penso que não é só para organizar o tempo que a gente faz isso, mas para dar sentido aos acontecimentos, marcar os períodos, ter a sensação de renovação ou de continuidade. E o ano novo é isso porque, sem levar em conta a fé – em religião, astrologia ou em si mesmo –, na verdade, nada muda só porque à meia-noite de 31 de dezembro nasce mais um ano. Por nada, entenda-se nada além das mudanças que já acontecem no dia a dia, que são inúmeras, mas nem sempre celebradas. Quem consegue celebrar todas as manhãs com a mesma alegria das manhãs de Natal ou todas as noites com a mesma animação da véspera de Ano Novo? E teria graça se sentir assim todos os dias? Sem o dia especial? A noite de abrir o espumante e ganhar o presente? Seria chato e cansativo ter especiais todos os dias, precisaríamos inventar outra coisa que distinguisse UM dia para que pudéssemos chamá-lo de O dia.
Assim, espero que 2014 seja um ano normal, feliz, como se diz, mas, sim, com vários dias especiais. Dias de muito brilho, corações batendo mais rápido – de alegria –, suspiros de paixão, comidas gostosas, clima ameno, roupas e sapatos bonitos, músicas emocionantes, dança e vinho branco espumante.
Que nesses dias e em todos os outros haja, ao menos em doses, livros e filmes muito interessantes, crianças, animais de estimação, mar, campo, cidade, bom trabalho, lar, família, amigos, dinheiro que chegue, arte e fé… Que não falte saúde, em ano nenhum, nem na hora da morte. São as nossas previsões apesar da inflação, do desmatamento e da poluição, da corrupção e da violência. E com a Copa do Mundo e muitos protestos populares.
Letícia Ferreira