Arquivo mensais:setembro 2018

28
set

Música na estrada

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Nem sei quantas vezes já fizemos de carro o trajeto entre Curitiba e Rio Grande (RS), que fica um pouco antes do Chuí, lá pelas bandas do fim do mundo. Nos últimos sete anos, com nossos velhinhos adoecendo, fomos pelo menos quatro vezes por ano. Antes disso, a viagem era anual. Portanto, numa conta de padeiro, circulamos pelas BRs 101 e 116 pelo menos umas 50 vezes. Fora as viagens de avião, mas aí já é outra história.

De carro, são 2,4 mil quilômetros ida e volta, ou 30 horas de estrada, em que há pouco mais a fazer além de ouvir música e comer, enquanto engolimos asfalto, driblando ônibus e caminhões. Nos sábados de manhã também há as hordas de motociclistas passeando serra acima e abaixo.

No repertório musical, tem de um tudo, como ainda se diz no Rio Grande. Minto! Sertanejo universitário não tem, não senhor, que tudo tem limite.

Mas podem pintar umas modas de viola e uns vanerões. E dê-lhe tangos e boleros, sambinhas e sambas-enredo, jazz e MPB, rock e pop rock. Soltamos a voz com Queen, Elton John, Tina Turner e Bee Gees, em nosso inglês egípcio. Tem Belchior e Zeca Baleiro, Adriana Calcanhoto e Maria Rita, Zé e Elba Ramalho, Zé Renato e Zé Keti, Amir Guineto, Tom Jobim, Chico Buarque, vixe, tanta gente…

De tanto ir e vir, aos três anos a Isadora cantava de cor os boleros em espanhol do luxuoso Fina Estampa, de Caetano Veloso. Depois que ela cresceu e passou a andar menos com o pai e a mãe, o gosto musical tomou rumo próprio. Mas não quero comprar briga por aqui…

Faltou falar sobre o que comemos durante a viagem. Prometo contar em minha próxima aparição nesse blog.

Beijos,

Marisa

24
set

As leituras nossas de cada dia #4

biblioteca

Faz tempo que eu não apareço por aqui. O bom é que deu tempo de ler bastante. Já sendo monotemático, no blog de hoje falo sobre alguns livros que devorei nestes últimos meses.

Aproveitando, quem quiser se arriscar a ler mais pode fazer uma conta no Goodreads, rede social para leitores. Lá, além de você interagir com muitas pessoas, você pode participar do Goodreads Challenge. É só colocar a quantidade de livros que quiser ler até o final do ano. A cada obra finalizada, o site vai contabilizando. Meu objetivo é ler 50 livros em 2018. Já foram 31. Eu estou atrasado cinco livros no cronograma. Poxa vida.

Dropz
Autora: Rita Lee
Editora: Globo Livros

Amo a Rita Lee e a biografia é impecável e divertida. Infelizmente esse livrinho de contos é apenas OK. Algumas histórias são bem ruins, outras são boas e muitas não fazem sentido. Acho que o objetivo era esse mesmo. Algumas vezes ela só pega a opinião pessoal dela sobre alguma coisa e a transforma em historinha com um final meio panfletário. Mesmo assim, é um livrinho leve, descompromissado e até divertido.

A Mulher na Janela
Autor: A.J. Finn
Editora: Arqueiro

Anna Fox mora sozinha numa casa imensa. Separada do marido e da filha e sofrendo de agorafobia, ela não consegue sair de casa e passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e espionando os vizinhos. Certa noite ela testemunha algo chocante enquanto fica de butuca olhando os vizinhos da frente (uau), mas ninguém acredita nela.

É muito barulho por nada. Esse livro ficou semanas e semanas na lista dos mais vendidos. Ultimamente há uma leva de livros com “mulheres no trem”, “mulheres na janela”, “garotas exemplares” em que as protagonistas são sempre traumatizadas, perturbadas, têm problemas com álcool e testemunham algo estranho e que não conseguem ter certeza do que viram. “A Mulher na Janela” não traz nenhuma novidade, enrola absurdamente (demais, muito, senhor do céu, tem 100 capítulos) para chegar num clímax que nem é tão surpreendente assim. Vai virar filme, claro.

Praia de Manhattan
Autor: Jennifer Egan
Editora: Intrínseca

Romance histórico que se passa entre a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Anna Kerrigan trabalha nos estaleiros e quer ser a primeira mulher mergulhadora. Mas ela também quer, acima de tudo, saber o que aconteceu com o pai, que desapareceu anos antes, sem nenhuma explicação.

É muito triste quando um livro não te diz nada. E olha que “A Visita Cruel do Tempo”, da mesma autora, é um dos melhores livros que eu já li, então esperava ao menos uma emoçãozinha. “Praia da Manhattan” é extremamente bem escrito, tem uma precisão histórica impecável e um minucioso trabalho de época. Mas é chato. Os personagens, quase todos, são apáticos, a história é apática e os poucos momentos interessantes logo são interrompidos por mais narrativas enfadonhas. É um romance noir com toques de aventura marítima, flerta muito com o feminismo e até empolga em algumas partes, mas foi um livro tão sem sal que eu passava as páginas na esperança que aquilo acabasse logo. Uma pena.

Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca

A repórter de um jornal sem prestígio tem um novo desafio pela frente quando seu editor pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.

Bem melhor do que “Garota Exemplar”, o primeiro livro da Gillian Flynn traz algumas personagens doentias, complexas e a trama chega a assustar. O mistério é bem interessante, mas a interação entre uma família esquisita com um passado bem problemático faz a gente se sentir até mal.

Lembra Aquela Vez
Autor: Adam Silvera
Editora: Editora Rocco

Conta a história de um adolescente de 16 anos, Aaron, que precisa enfrentar o trauma da dor do suicídio do seu pai. O garoto conta com o apoio da mãe e da namorada, mas ao conhecer Thomas, Aaaron acaba encontrando nele mais do que um melhor amigo. Confuso e com medo da sua sexualidade, ele considera recorrer ao LETEO, um instituto que apaga memórias indesejáveis na tentativa de esquecer pessoas e lembranças ruins.
Livro de estreia do autor americano Adam Silvera e um perfeito romance young adult. Quem dera tivéssemos mais livros como este há alguns anos. Acho que salvaria muitas vidas. Há uma profundidade bastante comovente na forma como Adam percebe os sentimentos dos jovens e em como essa sociedade perversa consegue destruir as boas e simples descobertas que todos nós desembrulhamos ao longo da vida.

Rodrigo

14
set

Um novo mundo possível

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O ano é qualquer um do futuro não tão distante. Vá lá. 2050 então. O país é o seu, o meu ou o dele. A realidade é a nossa, dos nossos filhos e – quem sabe – netos. Os personagens podem ser um casal com filhos e um pet. Nas ruas teremos carros sem motoristas. Nas empresas teremos o uso de máquinas que já pensam como os seres humanos. O destino das férias da moda é Marte. Nossas roupas agregam habilidades e nos tornam mais fortes. Smartphones foram trocados por pulseiras. As construções nas cidades serão impressas em 3D. A faxina da sua casa é responsabilidade da Zecton 3010. Inteligência artificial faz parte do cotidiano com as casas inteligentes. Lugares como o Saara abastecem outros países com a sua energia solar. A comunicação por holograma será algo natural. A realidade eliminou os livros que viraram uma peça de museu ou se acumulam nas prateleiras das nostálgicas bibliotecas. Em cada uma delas uma cápsula do tempo contando uma história semelhante a todas as civilizações: o quanto o mundo estava intolerante, racial, homofóbico e desigual entre gêneros, e pessoas tentavam sobreviver com a desigualdade social.

Ainda bem que estamos em 2050 e tudo evoluiu. Inclusive as pessoas. Fica só a vergonha daquele distante 2018. Algo semelhante ao que sentimos hoje com questões como escravidão e ditadura. Nossos filhos e netos serão melhores. Assim esperamos.

Beijinhos,
Wellington

3
set

A beleza da divergência

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Em uma democracia não há nada mais natural do que a diferença, seja ela qual for. E as diferenças de opiniões estão entre aquelas mais importantes para a construção de um país ainda mais inclusivo para todos. Por isso, muito se discute sobre a maneira como as redes sociais selecionam argumentos semelhantes aos seus e sobre como isso pode provocar uma intolerância ainda maior com quem pensa diferente. O clima nas redes pode ser o propagador de um clima de guerra muito prejudicial e que pode ter reflexos em toda a nossa vida.

Mas até que ponto essa intolerância nos afeta? Será que temos espaço para a divergência e o debate entre opiniões em diferentes áreas da nossa vida? Em um texto do LinkedIn, o autor de novelas Walcyr Carrasco fala sobre como a palavra “não” é interpretada de maneira prejudicial por muita gente e sobre como temos medo de utilizá-la para não desagradar as pessoas e não provocar reações intolerantes.

O “não” faz parte da discordância e do debate de ideias, mas é apenas uma pequena parte dessa troca de diferenças, que traz uma contribuição especialmente importante para o mundo corporativo. Afinal, é com o debate e a diferença de ideias entre várias pessoas que será possível construir projetos que agreguem elementos ainda mais criativos e inovadores às ações de uma determinada empresa ou marca. A utilização de ideias que a princípio são conflitantes e totalmente opostas pode colaborar para a elaboração de um projeto muito mais bem alinhado e completo. E isso pode funcionar para as coisas mais simples até as mais complexas.

Por isso, é sempre muito benéfico manter a cabeça aberta, ter humildade e estar aberto ao diálogo. Pensar em como aquele ponto de vista que traz uma bagagem e experiências únicas de vida pode acrescentar à discussão. Afinal, não há uma única verdade absoluta e todos nós sempre vamos ter algo a aprender com as diferenças, não é mesmo?

Renan