Arquivo mensais:maio 2014

30
mai

Vai ter Copa

E já que o assunto é a Copa do Mundo, por qual motivo não falaríamos dela? Bem, os leitores perceberão no texto, mas eu não sou a favor da Copa do Mundo no Brasil. Não estou dizendo isto porque detesto futebol, pelo contrário, sempre assisti às Copas, vibrei e torci pelo Brasil, como boa patriota que sou.

 A minha posição se refere a todo o cenário criado em torno do evento. Falando em um aspecto amplo, greves no Brasil não estão faltando, em todas as esferas da sociedade. Durante o ano, já vi notícias falando da falta de lanche para os funcionários públicos, como policiais militares (PM). Tive notícias também que os cães da PM estavam sem ração. E ainda nem comecei a falar de faltas. Isso mesmo, falta saúde, falta segurança, falta educação. shutterstock_193572167Não critico o evento como Copa do Mundo, mas critico, sim, a má gestão de nossos governantes, o desvio descarado de dinheiro público e a falta de consideração com a população, que é quem está pagando o preço.

 Sendo um pouco mais específica, darei um exemplo. Moro e trabalho no mesmo bairro, o Água Verde, em Curitiba, pertinho da Arena, estádio em que serão sediados os jogos aqui na capital. O local onde moro não entrou na chamada “zona de restrição” por apenas duas quadras. Mas fico imaginando quanto tempo levarei para sair de casa durante esse período. O pior é que, na zona de restrição, que é uma área de dois quilômetros ao redor de todo estádio, o bloqueio ocorre para carros e pessoas não cadastradas, carros não podem ficar estacionados nas ruas e o acesso de moradores, táxis e trabalhadores se dará por meio de cinco “pontos” de entrada. Além disso, todas as empresas que ficam dentro do perímetro e no entorno tiveram que readequar todo o seu horário de trabalho, com um prejuízo de horas perdidas de trabalho e produção. O que será sem volta.

 E aí fica a reflexão: vale a pena ter Copa do Mundo no Brasil?

 Fabíola Cottet

19
mai

Figuras de palavras

Costumo chamar o meu pai, que é magro, de Gordo. E sempre que escrevo um email pra ele fico observando o quanto a palavra lembra o que ela representa. G O R D O. Quase todas as letras são redondas, as únicas vogais são uma bola, todas as consoantes têm espaços gorduchos. Talvez a única falha de quem inventou o G O R D O foi ter se esquecido de colocar, em algum lugar, a letra B, que considero um símbolo da protuberância.

Do outro lado da fofura destaco as palavras terminadas – ou recriadas – com a letra i. Leia a frase abaixo:

Coisa mais linda do mundo.

Agora, na versão Bambi bebê:

Coisi mais lindi di mundi.  

Entendeu a diferença?

E dessa viagem reflexiva me vem à memória outra fantasia do idioma: as palavras que imitam os sons. Zumbido, gemer, cacarejo, miar, chiar, urro, grunhir, assobio, murmuro, chuva, sussurro, xixi. Os gramáticos e os estudantes de cursinho pré-vestibular dão o nome chique de onomatopeia pra essas figuras de linguagem.

Meio que juntando – e retomando – as duas ideias acho que GORDO, além de graficamente dizer a que veio, tem som de tamanho grande. Que nem malemolência. Mas aí, se este post for entrar nessa conversa da fonética, eu teria muiNta coisa a escrever. Então, melhor parar por aqui.

Beijos,

Karin Villatore

14
mai

E nós concordamos com o passarinho

Bem, desde o dia 29 de março sou uma mulher casada perante a lei. No dia 05 de abril nós fizemos uma pequena comemoração, cerimônia simples, para poucas pessoas, mas tudo, ou quase tudo, correu como planejado. Tudo dentro do figurino, tudo bem além do que eu havia sonhado.

 Aconteceu que dia 05 de abril também foi a data do aniversário do meu marido, dia em que ele comemorou 36 anos de vida. Resolvi fazer uma pequena surpresa e escrevi uma homenagem para ele, que reproduzo abaixo, pois algumas pessoas gostaram bastante do texto.

 “Com tanta coisa pra falar meu amor, e a palavra amor resume quase tudo. Chegando sutil e desmedido como um furacão, arrancando meus pés do chão e fazendo a mente pairar sobre a utopia permanente da insanidade que é amar. Tão cheio de razão e eu tão sem argumentos que o calem, minhas certezas que um dia foram, hoje são todas passado. Entrega de tudo, meu tempo, meus singelos pensamentos, são todos seus, não domino mais meus sentimentos.

 Um amigo me disse que seria assim, eu não sentiria e sentiria tudo ao mesmo tempo. Acho isso estranho mas os amantes nunca são normais. Talvez seja assim mesmo qpostue o amor ama, descabido, sem lógica e sem o mínimo sequer de nexo, porque o nexo do amor é nós dois juntos. Sem lógica, porque toda a lógica preferiu se esvair, ela viu que entre nós não havia espaço para ela. Chega destruindo pra causar felicidade ou causa felicidade e deixa destruição. Mas ninguém disse que amar seria fácil. E se alguém disse, se enganou. Tenho certeza que os casais aqui irão concordar comigo. Quantas vezes vocês discutiram? Quantas vezes vocês discordaram um do outro? Quantas vezes vocês brigaram? Mas o mais importante,vocês superaram tudo isso e estão aqui, o amor sempre falou mais alto. Quer exemplo mais lindo que seus pais e meus pais? Eles, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, estão ali juntos, no caminho que percorreram e percorrem até hoje.

 Não vai ser fácil. Pra ninguém é fácil meu amor. Mas entre todas as dificuldades tenho certeza que estaremos ali. E olha, vou dizer uma coisa, eu nunca sonhei em casar de branco, com um vestido de noiva e essas coisas. Mas cá estou. E gente, se eu soubesse que casar era tão bom e tão divertido, eu teria casado antes! Sério mesmo.

 Mas, voltemos ao motivo principal desta pequena homenagem: você. Meu amor, em três meses, apenas três meses, a gente se conheceu (como todos descobriram hoje, pelo Tinder), namorou, noivou e hoje está casando. Em três meses e nove dias, nós viajamos para outro país, tomamos um vinho em Bento Gonçalves – lá, na Casa Paroquial da Paróquia Cristo Rei, que você me pediu em noivado, lembra? Com a aliança menor que o meu dedo, pois a do tamanho certo ainda não tinha chego. Nós nos mudamos, organizamos um casamento, compramos coisas para casa, descobrimos o quanto é caro comprar produtos de limpeza e higiene pessoal… E você descobriu que amendoim não é fabricado em uma empresa, ele vem de uma plantinha. Nós planejamos uma vida juntos em três meses meu amor, posso dizer com toda certeza que hoje é o dia mais feliz da minha vida. Eu descobri em você o meu amor, meu amante, meu amigo, meu cúmplice e meu companheiro. Eu tenho ao meu lado o homem mais gentil, sincero, inteligente, lindo, amável e compreensivo que já conheci. E hoje, além de ser nosso casamento, você está completando 36 anos. Presto esta pequena homenagem a você, meu amor, para dizer que amar de verdade é passar a vida inteira ao lado de uma pessoa e ainda achar que foi muito pouco. E eu tenho certeza que daqui a 50 anos eu ainda gostaria de ficar os próximos 500 anos ao seu lado, se isso fosse possível.

 Quando eu menos espero você vem e me abraça, dizendo que sentiu minha falta… Quando eu menos espero você me puxa pela cintura e diz que estou mais linda do que nunca. E aí é que eu me lembro que ainda estou de pijama e com um coque mal feito no cabelo. Te abraço e nesse momento o tempo para. As borboletas do meu estômago começam a dançar e meu coração de alguma forma me avisa que é você. Se seu sorriso não tivesse aparecido em minha vida meu amor, meu mundo estaria cinza.

 Eu termino esta pequena homenagem, meu amor, dizendo que eu amo você, lhe desejando os meus mais profundos e sinceros votos de felicidades. Parabéns meu amor, tudo de bom, saúde, sucesso, alegria e paz pra você e pra nós e que, no ano que vem, os 37 sejam muito melhores que os 36. Pode ter certeza que, no que depender de mim, eles serão.

 Pra terminar, o nosso poeminha:

Foi um passarinho que me contou…
Que não vale a pena guardar sonhos,
Nem esconder sentimento.
Que não é bom voar sozinho
E que todo mundo quer formar um ninho.
E eu concordo com o passarinho.”

Fabíola Cottet

9
mai

Saiba por que seu artista favorito não é genial

A veneração às pessoas famosas não é novidade. Geralmente, os atos das celebridades “em alta” são tema de debate, mesmo quando não têm muita importância. Algumas celebridades usam essa atenção concedida a elas para se engajarem em causas e – pelo menos tentar – mudar alguma coisa no mundo.

Porém, ao mesmo tempo em que esta é uma atitude extremamente benéfica, muitas vezes as pessoas não sabem separar o que é a imagem construída do artista e as atitudes que partem deles próprios.

Um dos casos mais atuais que me vem à cabeça é a recente nomeação da cantora Beyoncé na lista das pessoas mais influentes das revistas Time e People. No fim de abril, Beyoncé lançou um single que a fez virar notícia. Dessa vez não foi apenwhatsas pela sua voz – magnífica, diga-se de passagem – ou por suas curvas, mas sim pela mensagem que passava. Pretty Hurts, o nome do single, fala sobre a pressão sobre as mulheres em estarem sempre bonitas e impecáveis. Mais interessante do que a letra, entretanto, foi a campanha nas redes sociais lançada junto com o single. O videoclipe demorou a sair, e quando estourou, Beyoncé lançou uma nova hashtag nas redes sociais, através de um hotsite que, logo quando aberto, exibia: #whatispretty.

Foi uma jogada extraordinária e, admito, com uma motivação muito válida, pois, as discussões sobre feminismo são cada vez mais frequentes, e as mulheres, mais do que nunca, querem ser entendidas e valorizadas, em todos os aspectos. O ideal de beleza passado pela mídia mainstream geralmente é fora da realidade, e leva milhares de meninas e mulheres ao redor do mundo a se sentirem obrigadas a estar sempre se preocupando com sua aparência. É um círculo vicioso, em que ninguém quer tomar responsabilidade, muito menos a mídia. Logo, ouvir uma música que fala disso e vai contra estes princípios, é fator motivante para muitas pessoas. Com Pretty Hurts, ela passa a mensagem de que as pessoas precisam “achar aquilo no mundo que te faz realmente feliz”. Gente do mundo todo postou fotos do que achavam que era bonito, no Instagram, no Facebook e no Twitter.
Mas aonde quero chegar com este texto é à discussão de que, mesmo se Beyoncé tiver todos os ideais representados pela música e pela campanha nas redes sociais, a ideia certamente não partiu inteiramente dela. A música foi escrita pela compositora Sia, autora de outros hits, como Diamonds da Rihanna, e não foi direcionada à Beyoncé em primeira mão – Sia ofereceu Pretty Hurts primeiramente a Katy Perry e, posteriormente, para Rihanna.

Beyoncé deve ter tido um bom auxílio de profissionais da comunicação para construir a campanha e, mais ainda, para fazer a ação atingir as proporções que atingiu. Não tiro o mérito da cantora, até por conhecer seus trabalhos mais recentes e o ideal que ela procura passar, e todo o carisma e cuidado que tem com os fãs que lhe renderam o apelido de “Queen B”. Entretanto, dar todos os créditos ela, como se fosse uma heroína, também não acredito que seja condizente com a realidade. Com certeza houve uma pitada de assessoria de comunicação ou RP ali.

Um bom trabalho de assessoria de imprensa direcionado, junto com a publicidade, pode fazer com que as celebridades passem a imagem de que são heróis. avrilPor isso, cresce cada vez mais o papel da comunicação, já que as redes sociais têm o potencial de expor as atitudes dos artistas para o mundo.  Um exemplo de mal uso da imprensa  ocorreu há duas semanas, com a cantora Avril Lavigne. Ela cobrou dos fãs brasileiros 800 reais para um “Meet &Greet”, e não deixou nem que seus seguidores encostassem nela para as fotos. O resultado foi catastrófico nas redes sociais e nas imprensas brasileira e internacional, e virou até meme. Outro exemplo de impacto negativo na mídia, relacionado aos artistas brasileiros, foi a campanha “Somos todos macacos”, que se expandiu de maneira rápida e começou a ser criticada mais rápido ainda.

Com isso, acredito que o cuidado com a relação que se possui com a imprensa e com os conteúdos liberados é fundamental, tanto para personas quanto para empresas. Beyoncé é um grande exemplo de boa construção de imagem, e nos mostra que, quanto mais se dedica a passar uma imagem sólida e significativamente positiva para a mídia, maior é a chance de um empreendimento, de qualquer tipo, deslanchar.

Amanda Pofahl