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21
mai

Sobre viagens, repertórios e amizades

eiffel Recentemente tive a felicidade de viajar pela primeira vez para a Europa. Foram duas semanas de diversão, descobertas e algumas dificuldades — normal para quem fica fora do país por um tempo, descobri depois. Eu poderia contar como foi conhecer Amsterdã, Londres e Paris, cidades pelas quais passei, mas os blogs de viagem estão aí para fazer isso com muito mais propriedade do que eu, que só fiquei quatro ou cinco dias em cada cidade. Prefiro contar para vocês alguns fatos divertidos e coisas que aprendi na minha passagem pelo velho mundo.

Em Amsterdã aprendi que o holandês é um idioma indecifrável para quem não nasceu lá. Que mesmo na primavera faz frio na Europa, muito frio. Que lá arroz e feijão é uma iguaria exótica e é mesmo preciso se contentar com massas, pizza, batata frita e queijo, muito queijo! Aprendi que é preciso andar com cuidado nas calçadas de Amsterdã, pois as entradas das casas têm escadas para baixo do nível da calçada, e desavisados ou bêbados podem acabar encaçapados nelas, como vi acontecer. Aprendi também que os carrinhos que varrem as ruas por lá podem ser bem assustadores e vir em grande velocidade na sua direção, fazendo com que você saia correndo – sim, eu paguei esse mico! Descobri que além da maconha, cogumelos alucinógenos são vendidos por lá – e que eles têm até cardápio, separados pelo grau de alucinação que podem causar nas pessoas, tipo: efeitos visuais – cinco estrelinhas, efeitos sonoros – três estrelinhas. Prefiro ficar com a minha loucura e com a do Felipe, meu colega de aventuras e de corridas atrás de trens-bala.

Em Londres, descobrimos que pessoas comuns não podem passar do portão do Abbey Road Studios, mas a Beatles Crossing está liberada. Eu, pessoalmente, descobri que andar 12 quilômetros com a mesma bota faz com que ela descole a sola, te levando a passear com o “Tap e Flap” (quem lembra?) pelas margens do Rio Tâmisa. Aprendi que os melhores lugares para comprar lembranças de Londres são os mercados de rua do Camdem, bem mais em conta que nos pontos turísticos. Sobre comidas: descobri que vinagre na batata frita é horrível (mas lá é uma tradição) e que comer feijão no café da manhã é normal por lá. Também aprendi que as baladas de Londres fecham cedo: quatro horas da manhã. Aprendi a me virar sem celular, já que o meu quebrou no meio da viagem. Descobri que hostels são lugares legais para fazer amigos, como a Andrea, do Chile, e a Catherine, do Canadá.

Em Paris, descobri que um dia é pouco para conhecer o Louvre e que os vendedores de chaveiros no pátio do museu – na maioria africanos em busca de uma vida melhor – sabem mais do Brasil que muito brasileiro (o que vendeu várias Eiffel em miniatura para meu amigo conhecia toda a seleção e governantes – sim, eles fazem questão de recitar a escalação completa. Deve aumentar as vendas). Aprendi que “sou bonita na África”, como diz o Felipe, pois em todas as baladas só levei cantadas de rapazes negros (um deles até me girou no ar sob protestos – sou casada!). Aprendi que na Disney é proibido usar orelhas da Minnie na montanha russa e no barco do Peter Pan (“Madame, s’il vous plaît, retirez votre oreille”). Aprendi também que “retire vossa oreia” pode render risos por semanas.

Descobri que malas extraviadas podem voltar para casa inteiras — e com champanhe dentro. Que pessoas incríveis estão nos lugares mais inimagináveis. Que nunca se pode jogar bituca de cigarro no chão. Que seguranças de loja, ainda hoje, podem te seguir pelo fato de você ser brasileiro. Que ir para a Europa não mata sua vontade de ir para lá: apenas faz você querer ir outra vez.

Luciana Penante