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Quero largar tudo! Será mesmo?

Tenho uma confissão a fazer: já quis ser uma nômade digital. Em meu favor, posso dizer que quase todo mundo da minha geração já deve ter pensado nisso. É muito tentadora a opção de chutar o balde, trabalhar de qualquer lugar do mundo, nas horas em que quiser, sem precisar pagar aluguel, conhecendo novas culturas e saindo da mesmice. É claro que a internet ajuda nisso, pois realmente existem trabalhos que podem ser plenamente exercidos remotamente e ser redatora é um deles. Acontece que há um lado dessa vida pelo mundo que é pouco mostrado por quem adere ao movimento e, no entanto, é crucial: enquanto esse pessoal está hawaiiviajando, também precisa trabalhar! É meio óbvio, mas parece que a gente se esquece quando pensa na maravilha que seria trabalhar em uma praia no Havaí. Bem, você está lá, no seu escritório na praia e, claro, seus prazos não deixam de existir – não importa em que lugar do mundo você esteja. Então, a parte da responsabilidade vai existir em qualquer lugar, afinal, você ainda precisa se sustentar. E isso muda tudo, porque boa parte da sua viagem deixa de ser lazer.

Recentemente vi na internet a história de um casal que largou trabalho para conhecer o mundo e trabalhar com o que encontrasse pelo caminho. O blog deles tinha fotos maravilhosas dos lugares mais incríveis, só que, já na provável reta final da viagem, eles contaram que enquanto não estavam fazendo as fotos estavam trabalhando duro, limpando banheiros, plantando e colhendo em lavouras, se alimentando de biscoitos, às vezes sem ter nem como tomar banho. Claro, estavam conhecendo o mundo, mas a que preço?! Será que vale sempre à pena?

Não estou aqui para condenar quem escolhe viver viajando, só quero dizer que muitas vezes a gente só pensa no lado bom das nossas escolhas. A Fernanda Neute, blogueira do felizdavida.com, depois de dois anos acabou de declarar o fim da sua era nômade digital. Disse que pesou o cansaço, a falta de tempo para cuidar da saúde, as dificuldades em precisar se adaptar sempre a um lugar novo, desde a cama até as amizades. Claro que ela teve experiências incríveis, mas apontou o lado difícil que poucos levam em conta ao chutar o balde. Ela também disse que quase todos seus amigos nômades estão deixando a vida de viajar e trabalhar ao mesmo tempo para se estabelecer nas cidades em que mais gostaram de viver. 

O que eu tiro de tudo isso é que viajar é incrível e que, sim, cada vez que eu puder pegar minha mala e sair pelo mundo eu irei e encorajo a todos que façam o mesmo. Mas não devemos acreditar que vai ser tudo fácil e lindo. A grama do vizinho sempre parece mais verde, mas às vezes é só Photoshop.

Luciana Penante

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