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nov

O Natal lá em casa

Minha avó materna tem 9 filhos, 24 netos, 6 bisnetos já na área e 4 por vir. Em julho ela fez 89 e há uns 10 ela perdeu a memória recente. Isso quer dizer que ela lembra com a mais absoluta precisão tudo o que aconteceu antes da virada do século, mas não lembra o que comeu no almoço.

É a única avó que ainda tenho e, por morarmos próximas, costumo ser a carona para a festa de Natal. Comemoramos sempre antes da data para que, no dia propriamente dito, os respectivos núcleos familiares façam o que quiserem.

Como meu filho já beira a maioridade e ela só deve lembrar dele quase bebê, já de cara vem a pergunta quando vou buscá-la para o festerê: Quem é esse mocinho tão lindo? Na sequência, comentários repetidos sobre a quantidade de carros na rua, de prédios na cidade, de agitação. Afinal, é como se fizesse 10 anos que ela não saísse de casa e estivesse vendo uma nova metrópole que surgiu.

Mas o melhor é quando falamos sobre a infância dela e sobre as impagáveis histórias da família, que antes ela hesitava em contar e que agora ela descreve sem rodeios.

Chegamos, encontro parentes que só vejo nesta ocasião, descubro quem casou, quem cresceu, quem está feliz. Minha avó com bisnetos no colo, que ela descobre que tem a cada reencontro. E ouço ela perguntar: Isso aqui é uma festa? E quem me trouxe?

Beijos,

Karin Villatore

 

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