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fev

Não estamos no controle

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Ano passado fui surpreendida por uma paralisia facial periférica – a tal da “Paralisia de Bell”. Já tinha ouvido falar vagamente da dita cuja, mas não tinha ideia da batalha que eu iria enfrentar. Fiz um vídeo rindo, o dia era 15 de julho. Achei que em menos de um mês estaria boa. Pois bem: estou entre os 15% que levam bem mais tempo para recuperar as funções faciais. Se você ainda não deu um Google ou não conhece a doença, é aquela em que a gente fica com a cara de quem teve um AVC – metade do rosto parece que derreteu. É horrível, dá vergonha de sair na rua e uma sensação irritante de impotência: “perdi o controle do meu próprio rosto”, pensei.

Será que eu iria ficar daquele jeito pra sempre? Os neurologistas pediam paciência. Muitos médicos me disseram que tudo o que eu podia fazer era fisioterapia e esperar. Continuo fazendo isso. Embora a sobrancelha ainda não se mexa, o sorriso melhorou bastante e quando estou quieta ninguém percebe por tudo o que passei nos últimos sete meses. Eu até já consigo piscar – sim, porque fiquei meses sem conseguir fechar 100% do olho esquerdo. Mas não estou te contando isso tudo para você ficar com pena ou assustado, e sim para dizer algo que aprendi com a melhor médica que encontrei nessa caminhada, a Dr.ª Aline Barreto. Ela é uma baita acupunturista e, pra mim, também uma excelente terapeuta: ela diz que a gente não tem ideia do quanto não está no controle de nada do que acontece em nossa vida. Se até o nosso corpo pode se rebelar contra nós, a despeito de nossos planos, imagina tudo o que está ao nosso redor. Não é que não sabemos o dia de amanhã. Não sabemos o minuto seguinte.

Tive vontade de compartilhar esse “insight” porque acredito que ele facilita viver e aceitar o que vier pela frente – não passivamente, mas sim enfrentar nossas lutas e entender que não estamos no controle de nada, e que coisas ruins, infelizmente, vão acontecer. Boas também. Ótimas. Algumas incríveis. E outras nem tanto. O importante é aprender, como diz a sábia Dr.ª Aline, a lidar com as dificuldades e ser feliz apesar delas. Não estou dizendo pra você deixar de planejar o futuro, seja o jantar de hoje, ou a viagem no fim do ano, veja bem. Estou te alertando que em alguns segundos tudo pode mudar. E aceitar essa falta de controle pode ser a chave para viver melhor o agora. Então, apenas seja feliz e “descontrole-se”.

Luciana

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