2
jun

Do cinza do céu

Beco-Umbrellas

Fiquei pensando no comentário feito assim, meio solto no meio da tarde, pela Marisa (a Marise ou Valéria, cá nas internas) sobre como essa garoa com frio deixa a gente com astral esquisito.

A primeira lembrança que pintou foi da época da Rede OM, no comecinho dos anos 90. Junto com o Galvão Bueno veio uma turma de jornalistas de esporte do Rio. E, com eles, as esposas. Uma delas, visivelmente deprê, perambulava algumas tardes pela redação. Aos prantos, falava ao telefone: Roberto (com todos os erres), aqui o céu nunca é azul!

E se as pesquisas provam que Curitiba tem menos dias de sol do que Praga, Londres e Berlim, aprendi trabalhando em uma multinacional sueca que deveríamos parar com esse mimimi. Na hora do almoço, os executivos da matriz praticamente engoliam a comida e corriam para os bancos em frente ao refeitório para fazer verdadeiros tributos ao sol. Abriam a camisa até onde o senso comum permitia, erguiam o rosto e ficavam assim, em silêncio sepulcral, até a volta à labuta. Bonito de ver.

Aliás, minha antiga chefe sueca um dia me contou que o governo de lá aconselha as pessoas que moram sozinhas a acampar na casa de algum conhecido igualmente solitário durante o inverno. Sabedoria que só quem vive sem luz e sem sol durante meses tem. Sinceramente, dispenso este tipo de conhecimento.

No começo do ano que vem eu me mudo para o Nordeste. Será que vou sentir falta do cinza do céu de Curitiba?

 Beijos,

Karin Villatore

 

 

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