Arquivos da categoria: Amizade

17
nov

Deu e passou!

Foto: Divulgação

Depois de passar 30 anos envelhecendo, fiz uma descoberta recente que me deixou muito animada: minha velhice passou. É isso, deu, mas já passou, foi uma fase.

Talvez volte, vou ficar de olho. Mas por enquanto sinto que ela se foi e já foi tarde. Os amigos da minha idade – algo entre 50 e 60 anos – conseguem entender, depois que me explico.

Os jovens me olham com aquela condescendência que reservamos aos desajustados em geral e sepultam comentários debaixo de uma risadinha. São jovens, mas não são burros!

Vou resumir aqui minhas razões. Como sabem os mais próximos, não pretendo morrer. Se acontecer um dia, paciência. Só não está nos meus planos.

Por isso, resolvi há algum tempo mudar de vida. Nada muito espetacular. O suficiente, porém, para me devolver a juventude. Emagreci e venci a síndrome metabólica, nome técnico para as doenças da obesidade. As chiques, como a hipertensão, o diabetes, a esteatose hepática, a hipercolesterolemia; e as de pobre, como a dor nos quartos, o esporão calcâneo e até a unha encravada…Que tudo dá em quem é gordo.

Pois muito bem. Livre do peso que levava nas costas, livre dos remédios de uso contínuo, livre da ameaça de morte precoce por obesidade, eis que descobri que estou jovem de novo.

A velha guria que havia em mim reapareceu em forma de disposição e humor. E veio com bônus, em doses extras de tolerância e resiliência.

É claro que tudo isso tem pouco a ver com o espelho, esse miserável, que só escondeu a passagem do tempo para o sortudo do Dorian Gray. De modos que resolvi ignorá-lo, não preciso muito dele. Dou aquela conferida no reflexo para ver se as cores estão combinando, se não estou saindo de casa com a saia presa em algum lugar, se o cabelo segue em seu escorrido padrão, e sigo adiante.

Eu e Benjamin Button, mais jovens do que nunca!

Beijos,

Marisa

13
abr

A tal da intimidade

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Trabalhei durante 15 anos no mesmo lugar. Por mais que o turn over me trouxesse gente nova para o convívio, havia um grupo de colegas por ali criando limo há tanto ou mais tempo do que eu.

O tempo traz uma certa intimidade e a gente fica sabendo coisas uns dos outros que meudeosdocéu!

O fato é que com o tempo revelam-se os apelidos da infância, desvendam-se as manias e fobias, os gostos por comida, a avareza na mesa do bar…

Até os parentes que nunca vamos conhecer vez por outra aparecem nas conversas como velhos camaradas, protagonistas de cenas familiares passadas que nos ajudam a entender o colega no presente.

Sinto falta daquela turminha e de suas vidas nada secretas. Das piadas internas – “todos me chamam de bosta!” – que só nós entendemos. Da naturalidade com que certos mal estares físicos, países altos ou baixos, eram apresentados na reunião de planejamento.

Um ano depois de “firma nova”, aqui estou, percebendo um novo fio de intimidade se desenrolando. E não adianta querer saber apenas dos dotes profissionais do colega.

Mais cedo ou mais tarde, a gente começa a entender o olhar, a decifrar o silêncio, as reservas vão descendo a ladeira, as resistências vão desmoronando, e lá vamos nós para a estranha descoberta do outro.

E isso tudo é muito divertido e reconfortante. É o que confere o necessário grau de calor humano a qualquer relacionamento, inclusive no ambiente de trabalho.

Escrevi tudo isso porque meus novos colegas acabam de descobrir que não rejeito alimentos com data de validade vencida, se não houver outros indicativos de que são impróprios para consumo.

Eles que se acostumem. Vem coisa muito pior por aí!

Feliz Páscoa, pessoal!

Marisa

12
mai

A maternidade com mais leveza

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Nestes últimos dias as redes sociais foram tomadas por imagens fofas de demonstrações de carinho entre mães e filhos. O Dia das Mães gera essa comoção coletiva e faz com que as pessoas façam declarações de afeto, gratidão e amor para as suas mães. Da mesma forma, as mães publicaram fotos dos filhos, com muito orgulho e admiração.

Mas o que mais me chamou a atenção é que muitas postagens feitas pelas próprias mães são carregadas de mensagens do tipo “Noites mal dormidas, comida fria, falta de tempo e preocupações, tudo isso é recompensado quando recebemos o sorriso de um filho”. As mães relacionam a maternidade com exaustão, cansaço e muito esforço. A maioria das mensagens tem um tom de melancolia.

Questiono-me qual é o verdadeiro significado da maternidade. Se ao invés de ficarmos reclamando e enaltecendo o quão difícil é a tarefa de ser mãe, brincássemos mais com nossos filhos. Podemos escolher uma vida mais leve, sem tanta culpa. Uma mãe não precisa ser perfeita. Também temos o direito ao cansaço, a usar o nosso tempo para fazer coisas que nos dão prazer, de ter dias de mau humor, enfim, somos de carne e osso. Os filhos precisam compreender isso e aprender a respeitar nosso espaço.

Tenho dois filhos incríveis. Escolhi ser mãe e amo muito tudo isso. Não me cobro tanto. Faço o meu melhor possível sempre, mas não sou perfeita. Então, me dedico mais a amar e ser amada. Sem sofrimento.

Acho que a maternidade pode ser mais simples do que parece. Vamos nos divertir mais.

Bjs,

Aline Cambuy

31
mar

Sobre gêneros e empoderamento

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Hoje de manhã assisti a uma série de palestras sobre finanças (empresariais, pessoais, investimentos, cenário macroeconômico, dólar), durante um evento da Rede Mulher Empreendedora (www.facebook.com/RedeMulherEmpreendedora/). Na plateia e no púlpito, o mais legítimo exemplo do empoderamento feminino.

Achei tudo genial. Aprendi novos termos, ampliei minha cadeia de networking, ouvi histórias fantásticas, saí renovada.

Mesmo sem ser uma conhecedora do debate sobre gêneros, ficou claro para mim no evento que a questão ali era latente. E aí me lembrei do material que recebi dias atrás da minha comadre Alessandra Roseira, de Berlim: o primeiro longa-metragem intersexual do cinema. A Ale teve acesso ao link abaixo depois de entrar em contato com a diretora do filme, em 2011. Obrigada pelo envio, comadre. E que todos possam assistir e refletir.

https://vimeo.com/68928530

Beijos,

Karin Villatore

 

3
mar

Corrente do Bem Talk

Escola-Joao-Paulo-II-19O Professor Belmiro (Valverde Jobim Castor) costumava usar um pensamento do filósofo norte-americano John Rawls para dar base ao conceito do Centro de Educação João Paulo II (CEJPII): “A sociedade justa não é aquela que garante a todos os seus filhos a plena realização de seus objetivos, pois isso é impossível. Mas é aquela que garante a todos os seus filhos possibilidades semelhantes de alcançar essa realização”.

O Professor e um grupo de pessoas muito legais conseguiram criar em 2010 uma escola que vem oferecendo ensino em período integral, de qualidade e gratuito para crianças e jo¬vens carentes de Piraquara.

A morte do Professor foi um baque para o Centro, que hoje é dirigido bravamente pela Dona (Thereza) Elizabeth (Bettega Castor), viúva de Belmiro. Nesta comemoração dos nove anos da agência decidimos voltar nossa ação para uma campanha que chamamos de Corrente do Bem Talk, de doações de materiais escolares e esportivos para o CEJPII. E o chamado foi ouvido.

Foram inúmeras as entregas recebidas aqui, de parceiros, clientes, amigos, anônimos e público interno. Um movimento inspirador e que nos deu um gás de motivação durante todo o período. Não temos palavras para agradecer a todos os que se mobilizaram.

Vamos combinar com a Dona Elizabeth a entrega das doações agora para o início de abril. Será uma emoção rever o Centro sem o Professor. Mas, acima de tudo, é sempre uma emoção assistir no colégio à transformação dos estudantes.

Para quem quiser conhecer o Centro ou fazer doações, vale muito a pena. O site é www.joaopaulosegundo.org.br e telefones (41) 3079-7810 e (41) 3018-9625.

Beijos e obrigada a todos,

Karin Villatore

21
mai

Sobre viagens, repertórios e amizades

eiffel Recentemente tive a felicidade de viajar pela primeira vez para a Europa. Foram duas semanas de diversão, descobertas e algumas dificuldades — normal para quem fica fora do país por um tempo, descobri depois. Eu poderia contar como foi conhecer Amsterdã, Londres e Paris, cidades pelas quais passei, mas os blogs de viagem estão aí para fazer isso com muito mais propriedade do que eu, que só fiquei quatro ou cinco dias em cada cidade. Prefiro contar para vocês alguns fatos divertidos e coisas que aprendi na minha passagem pelo velho mundo.

Em Amsterdã aprendi que o holandês é um idioma indecifrável para quem não nasceu lá. Que mesmo na primavera faz frio na Europa, muito frio. Que lá arroz e feijão é uma iguaria exótica e é mesmo preciso se contentar com massas, pizza, batata frita e queijo, muito queijo! Aprendi que é preciso andar com cuidado nas calçadas de Amsterdã, pois as entradas das casas têm escadas para baixo do nível da calçada, e desavisados ou bêbados podem acabar encaçapados nelas, como vi acontecer. Aprendi também que os carrinhos que varrem as ruas por lá podem ser bem assustadores e vir em grande velocidade na sua direção, fazendo com que você saia correndo – sim, eu paguei esse mico! Descobri que além da maconha, cogumelos alucinógenos são vendidos por lá – e que eles têm até cardápio, separados pelo grau de alucinação que podem causar nas pessoas, tipo: efeitos visuais – cinco estrelinhas, efeitos sonoros – três estrelinhas. Prefiro ficar com a minha loucura e com a do Felipe, meu colega de aventuras e de corridas atrás de trens-bala.

Em Londres, descobrimos que pessoas comuns não podem passar do portão do Abbey Road Studios, mas a Beatles Crossing está liberada. Eu, pessoalmente, descobri que andar 12 quilômetros com a mesma bota faz com que ela descole a sola, te levando a passear com o “Tap e Flap” (quem lembra?) pelas margens do Rio Tâmisa. Aprendi que os melhores lugares para comprar lembranças de Londres são os mercados de rua do Camdem, bem mais em conta que nos pontos turísticos. Sobre comidas: descobri que vinagre na batata frita é horrível (mas lá é uma tradição) e que comer feijão no café da manhã é normal por lá. Também aprendi que as baladas de Londres fecham cedo: quatro horas da manhã. Aprendi a me virar sem celular, já que o meu quebrou no meio da viagem. Descobri que hostels são lugares legais para fazer amigos, como a Andrea, do Chile, e a Catherine, do Canadá.

Em Paris, descobri que um dia é pouco para conhecer o Louvre e que os vendedores de chaveiros no pátio do museu – na maioria africanos em busca de uma vida melhor – sabem mais do Brasil que muito brasileiro (o que vendeu várias Eiffel em miniatura para meu amigo conhecia toda a seleção e governantes – sim, eles fazem questão de recitar a escalação completa. Deve aumentar as vendas). Aprendi que “sou bonita na África”, como diz o Felipe, pois em todas as baladas só levei cantadas de rapazes negros (um deles até me girou no ar sob protestos – sou casada!). Aprendi que na Disney é proibido usar orelhas da Minnie na montanha russa e no barco do Peter Pan (“Madame, s’il vous plaît, retirez votre oreille”). Aprendi também que “retire vossa oreia” pode render risos por semanas.

Descobri que malas extraviadas podem voltar para casa inteiras — e com champanhe dentro. Que pessoas incríveis estão nos lugares mais inimagináveis. Que nunca se pode jogar bituca de cigarro no chão. Que seguranças de loja, ainda hoje, podem te seguir pelo fato de você ser brasileiro. Que ir para a Europa não mata sua vontade de ir para lá: apenas faz você querer ir outra vez.

Luciana Penante