Arquivo da tag: jornalismo

8
nov

Profissão: jornalista

“Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.”

Gabriel Garcia Márquez

Comecei esse texto com um dizer bem conhecido no meio jornalístico, do famoso Gabriel Garcia Márquez, como homenagem a um colega de profissão, Gelson Domingos da Silva, que foi baleado durante uma operação do batalhão de Operações Especiais (BOPE), na manhã de domingo, na cidade do Rio de Janeiro.

Gelson era cinegrafista da TV Bandeirantes e chegou ao hospital já morto por perfuração de bala na região do tórax, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Ele faleceu exercendo a sua profissão, era repórter cinematográfico e tinha 46 anos. O Grupo Bandeirantes divulgou uma nota lamentando a morte de seu funcionário, dizendo que toma todas as providências para garantir a segurança de seus jornalistas nas coberturas diárias no Rio.

Assim como a Band, nós, jornalistas, lamentamos a morte do colega. Que ele descanse em paz.

Fabíola Cottet

21
out

Ainda não é o fim do jornal impresso

Apesar de muitos optarem pela internet no momento de buscar informações sobre as notícias diárias, os jornais continuam a ser o principal canal de comunicação. Foi o que apontou uma pesquisa da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias. O estudo mostrou que o veículo impresso alcança 20% mais pessoas que a internet em todo o mundo.

É fato que os jornais diários registraram quedas de circulação nos últimos anos, como comprovou a pesquisa – desde 2009 os impressos perderam cerca de 2% do mercado. Porém, mesmo com esse índice, os jornais são lidos por 2,3 bilhões de pessoas, sendo que a internet alcançou a marca de 1,9 bilhão de leitores.

A pesquisa foi realizada em 69 países, que correspondem a 90% do mercado mundial de jornais. O estudo apontou que os padrões de consumo de mídia variam muito no mundo. Os dados mostraram ainda que, enquanto a circulação de impressos aumentou na Ásia (7%) e na América Latina (2%), os índices diminuíram na Europa (2,5%) e nos Estados Unidos (11%). A principal queda foi registrada em diários gratuitos, que passaram de 34 milhões, em 2008, para 24 milhões, em 2010.

A Islândia é o país onde os jornais têm maior alcance, de acordo com o estudo, chegando a 96% da população. Em seguida aparecem o Japão, com 92%; Noruega, Suécia e Suiça, com 82%; Finlândia e Hong Kong, com 80%. Em uma média global, os jornais atraem 8% do tempo dedicado pelas pessoas ao meios de comunicação em geral mas, mesmo assim, comportam 20% de toda a receita obtida pelas mídias de informação.

Isso reflete o comportamento do leitor que continua fiel à mídia imprensa. Acho que ainda podemos ter esperança para o futuro dos jornais, diferentemente da expectativa de muitos, que dizem que o veículo irá acabar com o advento das novas tecnologias.

Luanda Fernandes

7
out

Uma mente brilhante que se foi cedo, mas que deixou muito

Nesta quarta-feira recebemos a notícia de que uma das mentes mais brilhantes da contemporaneidade faleceu e deixou um legado de inovações que revolucionou a era tecnológica. Steve Jobs (56) não foi simplesmente o fundador de uma das empresas mais reconhecidas no mundo, foi também um homem que tinha visão no futuro e foi considerado por muitos como um gênio criativo e inspirador. E, apesar de toda a sua trajetória de sucesso, Jobs não resistiu ao câncer, já que a doença foi implacável.

Porém, a vida de Jobs pode ser considerada um exemplo para muitos, não somente no mundo dos negócios pela ideias e estratégias geniais, mas também pela maneira como era fora da empresa. Pelo talento e o modo como pensava ele conseguiu ser admirado mundialmente.

Um pouco da história –

Jobs conseguiu reinventar a tecnologia quando criou o computador pessoal em 1970 e, em seguida, o Macintosh, na década de 1980. Mas, apesar de tudo que já havia feito, ele ficou afastado da Apple depois de uma disputa sobre o direcionamento estratégico da empresa, em 1985.  Retornou uma década depois e, por isso, foi considerado fundador da Apple por duas vezes. Ele voltou como consultor da companhia que tinha ajudado a fundar, mas não demorou muito e ele já estava à frente da empresa, revolucionando novamente. Pois em 2001 lançou o iPod, que foi sucesso mundial, em 2007 o iPhone e em 2010 o tão esperado iPad, que levou filas de consumidores às lojas para a espera do lançamento.

Então, como não respeitar uma trajetória de superação como a de Jobs, que mesmo enfrentando o câncer por anos, tentava continuar à frente da companhia que amava. Acredito que uma das grandes decepções e sofrimento dele foi ter que deixar em definitivo o comando da empresa, por conta da doença. Esse foi o sinal de que ele estava perdendo a luta.

Para aqueles que admiram e querem conhecer um pouco mais da história de Steve Jobs, sua biografia será lançada em 24 de outubro no Brasil.

Luanda Fernandes

19
set

Limpeza no Congresso

Hoje uma notícia chamou a minha atenção: foi a ação da ONG Rio de Paz, que colocou 594 vassouras, em plena Praia de Copacabana, em protesto contra a corrupção no Congresso Nacional. O número de vassouras corresponde a quantidade de deputados e senadores no país. A ação simbólica pede uma limpeza na corrupção.  Acho que vale a pena compartilhar a iniciativa:

ONG finca 594 vassouras em Copacabana e pede que Congresso limpe a corrupção

Vassouras são uma referência ao número de deputados federais e senadores do País

Voluntários da organização não governamental (ONG) Rio de Paz fincaram, na madrugada desta segunda-feira (19), 594 vassouras pintadas de verde e amarelo nas areias da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O ato representa um protesto contra a corrupção no país. O grupo também estendeu uma faixa com a inscrição “Congresso Nacional, Ajude a Varrer a Corrupção do Brasil”.

Segundo o líder do movimento, Antonio Carlos Costa, a ideia é conscientizar a população para cobrar mais transparência na utilização do dinheiro público, já que os desvios desses recursos são responsáveis pela morte de muitos brasileiros. Ele explicou que as vassouras são uma referência aos 513 deputados federais e 81 senadores, que integram o Congresso Nacional.

“Nós precisamos inaugurar uma nova fase no nosso país, marcada por um controle social maior das ações do Legislativo e do Executivo, porque hoje esse controle está sendo mediado apenas pelos partidos políticos, que se reúnem e tomam suas decisões, enquanto o povo observa de braços cruzados. É um movimento pacífico para mobilizar a população até vermos essa quantidade absurda de dinheiro [arrecadada pelos cofres públicos] ser canalizada para as obras de infraestrutura, escolas, assistência médica, entre outros”, afirmou.

Costa também informou que uma nova manifestação está marcada para esta terça-feira(20). O grupo vai fixar em Copacabana e no Aterro do Flamengo, também na zona sul da cidade, cartazes com a foto de uma bala de revólver e a inscrição “Corrupção Mata”.

Da Gazeta do Povo  

Luanda Fernandes

22
jul

Escândalo de Murdoch

Nestas últimas semanas nos deparamos com o escândalo dos grampos no tablóide de Murdoch, no Reino Unido. O multimilionário e executivo chefe da News Corporation está sendo acusado de ser responsável por cerca de 4 mil escutas ilegais que o grupo do News of the World fez. Escutas estas feitas com pessoas do cenário político, esportistas e atores, atitude que fez com que o tablóide mais vendido do Reino Unido fechasse.

E se isso acontecesse aqui no Brasil, o que seria feito? Qual seria a repercussão?  Em primeiro lugar, vale lembrar quem perde é a comunicação e o bom jornalismo, pois acabam ficando desacreditados junto à população. Quem nos garante que isso não acontece, de fato, no Brasil? Já tivemos vários casos de escutas ilegais também por aqui.

Com o acontecido, outro debate que voltou ao foco foi a regulamentação da mídia e o poder ilimitado desses conglomerados de comunicação.  Esse episódio fornece fatos suficientes para sustentar a tese dos defensores da premissa de que as práticas do jornalismo devem ser revistas, assim como a discussão dos oligopólios midiáticos e do controle da informação por eles. Os especialistas na questão dizem que a regulação da mídia no Brasil é inadiável, mas isso só não acontece porque as grandes empresas do setor não têm o menos interesse.

Voltando ao caso, todas as escutas são ilegais e as investigações da Scotland Yard? já apontaram vários envolvidos do grupo. Murdoch disse em audiência que a culpa é da sua equipe, em quem confiou, e chamou a atitude de fiasco. O objetivo do tablóide com as escutas era conseguir notícias exclusivas antes dos outros veículos. Se a moda pega aqui no Brasil, políticos e outras pessoas influentes terão muito o que explicar.

Fabíola Cottet

12
jul

Profissional x Pessoal

Estava lendo as notícias diárias, ao final do expediente, como de costume, e me deparo com uma notícia dizendo que certo veículo de comunica-ção aconselhou aos jornalistas que não utilizassem o seu Twitter pessoal para expressar qualquer opinião a respeito de notícias e assuntos em pauta.

Sei que não é somente esse veículo e não é só com jornalistas que isso acontece. Alguns veículos estendem o contrato de “exclusividade” também a atores e demais profissionais. Quando questionadas, as emissoras dizem que zelam pela exclusividade e pela imparcialidade.

Pela exclusividade é compreensível até certo ponto, pois os profissionais assinam um contrato dizendo que trabalharão exclusivamente para o veículo. Embora eu acredite que a maioria é ético e costume não confundir as coisas no que diz respeito a pautas e notícias. Ninguém vai sair por aí dando uma notícia exclusiva primeiro no Twitter pessoal, sendo que fez uma pauta para o veículo com o mesmo tema.

A imparcialidade é bastante questionável. Primeiro que um ser humano tem o profissional e o pessoal, e são lados separados da vida, ou pelo menos deveriam ser. Em segundo lugar, questiona-se até que ponto uma notícia é completamente imparcial, pois existe sempre alguém por trás disso. Embora a maior parte dos veículos e autores preguem essa imparcialidade, ela pode estar longe de ser alcançada.

Fabíola Cottet