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nov

O poder da nova opinião pública

O mundo está mais livre desde que a Internet surgiu. Somente no século XX a opinião pública retornou à sociedade e se assumiu como expressão da vontade coletiva. Os avanços da tecnologia têm desencadeando novos cenários na formação da opinião pública. Difícil precisar em que medida a nova Tecnologia da Informação, associada ao papel da imprensa, incide na formação da opinião pública. Fato é que hoje vivenciamos uma impaciência da opinião, regida pela rapidez praticamente instantânea das mensagens online.
Hoje existe um novo cenário da comunicação. Na mídia tradicional ou independente, qualquer pessoa passa a ser produtor de notícia, ou seja, passa a produzir informação, análise e interpretação dos fatos. A Internet difunde a contrainformação com uma rapidez muito grande, cria o acesso à diversidade e é facilitada pelas políticas públicas de democratização da rede.
O jornalismo tradicional, que rege que o jornalista seleciona o que é relevante ou não para ser divulgado de toda a informação que ele obteve, está em vias de extinção. Com a internet, há uma desconstrução da atitude onipotente do jornalista. Agora, este profissional coloca a informação na internet e, ao mesmo tempo, obtém a opinião do leitor, que interage e contradiz ou tem uma opinião diferente da do jornalista. O jornalista, então, muda de opinião, estabelecendo-se um exercício de democracia e civilidade, gerando uma reviravolta no mundo da imprensa.
Isso cria uma nova contradição na formação da opinião pública, se comparado com o que vinha se determinando até hoje. O cenário da sociedade atual caracteriza-se pela cultura de massas e pela cultura do espetáculo, em que todos querem ser protagonistas, mostrar o que sabem fazer e expressar a sua opinião. Temos o MySpace, o YouTube, inúmeros blogs como este, as listas de e-mails, os twitters e os sites independentes para nos expressarmos. Todos querem se expressar, todos são atores e, ao mesmo tempo, espectadores.
Os jornais nasceram como veículos de opinião. Mas hoje existe uma nova concepção da relação da imprensa com os cidadãos. Eles não são os seguidores da imprensa, mas os titulares do direito à informação, os que autorizam os jornalistas a desempenhar sua função. Na época em que escreveu o livro Opinião Pública, em 1922, o jornalista norte-americano Walter Lippmann, talvez não imaginasse que viveríamos esta situação. Mas uma citação dele já dava o caminho das pedras. “Os retratos dentro das cabeças dos seres humanos, retratos deles mesmo, dos outros, das suas necessidades, propósitos e relacionamentos, são suas opiniões públicas. Aqueles retratos que são adotados por grupos de pessoas, ou por indivíduos agindo em nomes de grupos, são Opinião Pública com letras maiúsculas.”

Karin Vilattore

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