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abr

A tal da intimidade

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Trabalhei durante 15 anos no mesmo lugar. Por mais que o turn over me trouxesse gente nova para o convívio, havia um grupo de colegas por ali criando limo há tanto ou mais tempo do que eu.

O tempo traz uma certa intimidade e a gente fica sabendo coisas uns dos outros que meudeosdocéu!

O fato é que com o tempo revelam-se os apelidos da infância, desvendam-se as manias e fobias, os gostos por comida, a avareza na mesa do bar…

Até os parentes que nunca vamos conhecer vez por outra aparecem nas conversas como velhos camaradas, protagonistas de cenas familiares passadas que nos ajudam a entender o colega no presente.

Sinto falta daquela turminha e de suas vidas nada secretas. Das piadas internas – “todos me chamam de bosta!” – que só nós entendemos. Da naturalidade com que certos mal estares físicos, países altos ou baixos, eram apresentados na reunião de planejamento.

Um ano depois de “firma nova”, aqui estou, percebendo um novo fio de intimidade se desenrolando. E não adianta querer saber apenas dos dotes profissionais do colega.

Mais cedo ou mais tarde, a gente começa a entender o olhar, a decifrar o silêncio, as reservas vão descendo a ladeira, as resistências vão desmoronando, e lá vamos nós para a estranha descoberta do outro.

E isso tudo é muito divertido e reconfortante. É o que confere o necessário grau de calor humano a qualquer relacionamento, inclusive no ambiente de trabalho.

Escrevi tudo isso porque meus novos colegas acabam de descobrir que não rejeito alimentos com data de validade vencida, se não houver outros indicativos de que são impróprios para consumo.

Eles que se acostumem. Vem coisa muito pior por aí!

Feliz Páscoa, pessoal!

Marisa

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