18
set

Três HQs fora do tradicional

Maus-Art-Spiegelman-PortableNão sou uma leitora de quadrinhos, mas, recentemente, conheci alguns títulos que me encantaram e achei bacana compartilhar, pois fogem dos tradicionais do mercado. A série nacional de quadrinhos chamada “Valente”, de Vitor Cafaggi, é composta por quatro livros encantadores, com traços fofos, para a família toda ler. Conta a história de um cão chamado Valente e suas peripécias que simulam a transição da vida de um adolescente. Do mesmo autor mais a sua irmã Lu Cafaggi, o quadrinho “Turma da Mônica – Laços” faz parte do projeto Graphic MSP, no qual alguns artistas reinventam os personagens originais de Maurício de Souza. Com traços bem diferentes do tradicional, este também é para a família toda.

Mas, o quadrinho que entrou para a minha lista de obras preferidas foi “Maus: a história de um sobrevivente”, de Art Spiegelman. O livro tem 295 páginas. Seu primeiro volume é de 1986 e o segundo, de 1991. É possível achar o volume completo com a reimpressão de 2013. Em 1992, o autor recebeu o famoso Prêmio Pulitzer de literatura, na categoria “Especial”, pois o comitê da premiação não soube categorizar se Maus era uma obra biográfica ou de ficção. Isso por que esse romance gráfico narra a história real do pai de Spiegelman, Vladek Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto.

O curioso dessa HQ é que o autor retrata todos os personagens de diferentes grupos étnicos por meio de animais, como: judeus são os ratos (“maus”, em alemão); os alemães são os gatos; os americanos, os cachorros; os franceses, os sapos; os poloneses, porcos, os ingleses, peixes; os suecos, renas e os ciganos, traças. Ironia, principalmente, pela publicidade nazista da época que associava os judeus aos ratos, uma “praga que deveria ser exterminada”.

Deixo para vocês apreciarem mais detalhes da história de Maus. Mas, adianto: a obra é triste (tem algumas pitadas cômicas em certas tirinhas sobre o curioso humor de Vladek). Mas, têm mortes, dor, perseguição: coisas que o holocausto representa, afinal o livro retrata o antissemitismo. Algumas páginas me emocionaram ao ponto de adiar a leitura por um ou dois dias para dar aquela respirada.

Maus faz parte do que se chama movimento “underground comix”, muito comum em meados dos anos 1960, no qual a transgressão é um dos signos. Obras undergrounds girava em torno de questionamentos da contracultura, como: direitos humanos, anarquismo, socialismo, feminismo, movimento hippie, guerras, entre outros. Apesar de bastante didático, Maus tem um apelo bem adulto, com alguns desenhos fortes e comoventes.

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