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abr

Mundo da Lua

Monica, Monica, MONICAAA…. é quase sempre assim. Duas chamadas e um berro. Não sou surda, apenas me concentro nos meus pensamentos. Até porque, quase sempre eles são bem mais interessantes do que aquilo que está acontecendo à minha volta. É assim desde criança e acho que começou quando meu pai lia histórias para mim. A que eu mais gostava era João e Maria. Lembro como se fosse hoje. Eu deitava sempre na cama dos meus pais, dava aquele cheirinho no travesseiro, ele apagava a luz, ligava o abajur e começava a leitura. Eu ficava deitadinha olhando para o teto imaginando cada detalhe da história. lua

Foi só descobrir a bendita da criatividade que minha vida mudou para sempre. Legal é descobrir, o problema é aprender a lidar com ela. Digamos que exista a “Criatividade Branca” e a “Criatividade Preta”. Vamos falar sobre a preta. A preta é aquela criatividade sacana, o verdadeiro capetinha no ombro esquerdo. Ligo para o namorado que está viajando a trabalho, mas ele não atende. Pronto, lá vem o roteiro. “Será que ele está em reunião? Claro que não, Monica! Já são 20h. Ah, então ele deve estar em um barzinho com o pessoal do trabalho. Você é idiota, Monica. É claro que ele está com uma mulher linda, conversando, rindo, bebendo e se divertindo. Ah, e eles ainda terão mais dois dias para continuar este programa, afinal a viagem de trabalho, que vai durar três dias, na verdade era para ser um bate-volta”. Enquanto a Criatividade Preta me boicotava, o mundo, ou melhor, umas 10 pessoas estavam gritando meu nome e eu, para variar, não escutava. Já era. O namorado virou ex. Criatividade Preta me boicotando mais uma vez.

Vivendo e aprendendo. Com tanto capetinha enchendo meu ouvido com Criatividade Preta, resolvi que era hora de dar um basta e comecei a dizer não para mim mesma. Ohhhh…. Isso sim é evolução. Calma, eu ainda volto atrás várias vezes. A diferença é que assumi que sou meio fora da casinha mesmo, penso pra caramba, minha criatividade vai longe e a Branca pode prevalecer à Preta. O problema agora já não é mais meu e, sim, daqueles que precisam aquecer a voz para dar uns gritinhos quando a mocinha aqui está feliz da vida no sétimo céu.

Monica Melo

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