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17
jan

Intimidade

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Assumi as saudades como um elemento constante dentro de mim, que às vezes sinto quase como uma dor física no peito. Como as saudades que sinto de Portugal. É o país em que morei por um período da minha vida e que sempre esteve comigo, por meio das histórias do meu avô, imigrante da Ilha da Madeira. No ano passado, pude retornar ao país lusitano e à cidade em que vivi, Coimbra, que não por acaso inspirou o fado “Saudades de Coimbra”, do poeta José Afonso.

“Ó, Coimbra do Mondego

E dos amores que eu lá tive

Quem te não viu anda cego

Quem te não amar não vive”

E o clássico fado “Balada da Despedida”, criado pelo poeta e compositor Fernando Machado Soares.

“Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida.

Que as lágrimas do meu pranto, são a luz que lhe dá vida.

Quem me dera estar contente, enganar minha dor.

Mas a saudade não mente, se é verdadeiro o amor”

Só de ler essas palavras já me afloram as saudades outra vez.

Coimbra é uma cidade de passagem para a maioria das pessoas que vivem ou viveram lá. A maior parte dos moradores são estudantes que vão à Universidade de Coimbra, como foi meu caso, e que após um período de estudos e das vivências alegres da juventude pelas ruelas da cidade, voltam para suas casas em outras partes do país ou do mundo.

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Passei apenas um dia e meio em Coimbra durante minha última viagem — cheguei lá no dia do meu aniversário de 27 anos, o que tornou a data ainda mais especial para mim —, mas foi o suficiente para meu peito se renovar de amores por aquele lugar.

Fiquei emocionada ao pisar novamente naquela que foi a minha cidade anos antes. Foi com muita alegria que novamente cruzei a ponte de vitrais coloridos sobre o Rio Mondego, subi e desci as infindáveis ladeiras da cidade, parei para tomar uma ginjinha em uma tasca e comemorei a idade nova com um expresso e um pastel de nata com muita canela em um dos cafés nas redondezas do Largo da Portagem.

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Caminhando pela Baixa de Coimbra, passei em frente ao predinho em que vivia, uma residência estudantil que abriga algumas dezenas de estudantes de várias partes do mundo e, para minha sorte, encontrei um dos proprietários do local, o Miguel, ali em frente. Após conversas sobre os velhos tempos, ele me deu a chave para que eu pudesse entrar e relembrar os momentos em que vivi ali. Como foi bom poder novamente subir aquelas escadas, caminhar por aqueles corredores que seriam tão comuns para alguns, mas cheios de significados e memórias para mim.

Quando eu e meus colegas de residência vivemos ali, anos antes, havia duas ou três fotos em uma grande parede de um grupo de pessoas que moraram ali antes da gente. Antes de cada um voltar para suas cidades e países de origem, colamos várias fotos de momentos nossos por ali também. Eu me questionava se aquelas imagens continuariam ali, anos depois, e sim, lá estavam elas, agora ao lado de dezenas de outras fotos de quem morou ali nos anos posteriores.

Recebi muitas mensagens de amigos que viveram comigo naquele período quando viram algumas fotos que postei do nosso antigo lar. Com uma amiga, que era a mais próxima quando vivemos ali, falei sobre tudo o que eu senti de volta a Coimbra, e ela falou sobre como, mesmo anos depois, a cidade ainda continuaria nos sendo íntima.

Gostei de pensar o conceito de intimidade para uma cidade. Na verdade, esse adjetivo foi o que melhor descreveu o que senti nesse breve retorno. Sinto que, mesmo passado o tempo, Coimbra continuará sempre íntima, com suas ruas de pedra que estão lá há séculos, as casinhas e prédios tipicamente portugueses, a tranquilidade da vida. Muda-se algo do cenário, muito dos moradores, mas, no fim, é sempre como reencontrar uma velha amiga que amamos. Eu guardo meu afeto por ela, e ela minhas lembranças vividas ali, tão doces quanto licor de ginja.

Stephanie D’Ornelas

27
mar

5 aplicativos para aprender algo novo todos os dias

Nerina, do artista Mazzani. Google Arts & Culture procura obras de arte semelhantes a selfies. Segundo o app, essa obra se parece comigo.

Nerina, do artista Mazzani. O aplicativo Google Arts & Culture procura obras de arte semelhantes a selfies. Segundo o app, essa se parece comigo.

Nos dias de hoje, é difícil encontrar uma pessoa que não esteja sempre dando aquela olhadinha no celular ao longo do dia. Se você é uma delas, já pensou em aprender uma informação nova quando estiver com o smartphone na mão? Existem infinidades de aplicativos gratuitos voltados para o ensino — há opção desde para quem quer aprender chinês até para quem quer tocar um novo instrumento.

Nesta lista, selecionei cinco dos meus aplicativos favoritos para nunca deixar de aprender. Confira:

DailyArt

Já pensou em ter, todos os dias, uma fotografia de uma obra de arte na tela do seu celular? É assim que funciona o DailyArt, um app gratuito para inspirar os amantes das artes. E, se você gostar da obra do dia, basta clicar nela para obter mais informações sobre sua produção e autor.

Google Arts & Culture

Aqui vai outra dica para quem curte arte: o Google Arts & Culture. O app gratuito é mantido pelo Google em parceria com museus espalhados por diversos países. Com ele, é possível fazer visitas virtuais a algumas das maiores galerias do mundo e ler textos inspiracionais. Uma das ferramentas mais interessantes do app é o Art Selfie, que compara sua selfie com obras de artes ao redor do mundo parecidas com você.

Pocket

Sabe quando você encontra um texto legal na internet mas não tem tempo para ler no momento? O Pocket é perfeito para salvar links interessantes para ler depois. Os textos escolhidos podem ser salvos no aplicativo, e, além disso, a plataforma sugere outras leituras com base nos seus interesses.

Curiosity

O Curiosity é o app ideal para pessoas curiosas que nunca param de aprender. A plataforma dispõe de textos diários com informações relevantes sobre o mundo. Por enquanto, o aplicativo está disponível apenas em inglês.

TED Talks

O TED é uma série de conferências realizadas em vários países do mundo que tem o objetivo de expor, segundo as palavras da própria organização, “ideias que merecem ser disseminadas”. Além do site oficial e do Youtube, as palestras do TED também estão disponíveis no app. O aplicativo permite que você selecione seus principais interesses para receber sugestões personalizadas de vídeos.

Stephanie D’Ornelas

5
fev

De saudade, orgulho e inveja!

Tempos de Copa, alegria e esperança.

Tempos de Copa, alegria e esperança.

Nas mãos, em papel jornal, a edição histórica dos 100 anos da Gazeta do Povo. Os olhos leem a capa e identificam os elementos gráficos: a “linguiça”, trazendo notinhas do lado esquerdo, a manchete e a foto principal em cinco colunas, os titulinhos e as chamadas ao pé da página.

Rever uma edição da Gazeta em papel pode ser nada para quem nunca desenhou e editou uma primeira página, mas é muito para quem participou dessa gincana por anos a fio. O passado não tem idade e o coração dispara com as lembranças: a tensão do diagrama em branco e de escrever a manchete, a dúvida sobre a melhor foto, a dificuldade de derrubar chamadas importantes em troca de outras mais importantes ainda…

O medo eterno de em poucas horas – entre a meia-noite e as seis da manhã – descobrir que escolheu errado: a manchete era outra, havia uma foto melhor, alguma coisa ficou de fora daquelas seis colunas.

Quando isso acontecia, o dia virava uma desgraça só. Em compensação, as boas capas davam um orgulho danado e até as reuniões de MCIs ficavam mais suportáveis.

A edição especial veio com 96 páginas, mas algumas delas – além da prima – são como gatilhos de saudade: a Coluna do Leitor, Entrelinhas, as páginas de opinião…

O mergulho definitivo na nostalgia vem nas crônicas refinadas da Marleth Silva e na avalanche de memórias do José Carlos Fernandes, dois dos grandes com quem dividi minha vida durante 15 anos. Com tantos nomes para recordar e homenagear, o Zeca achou tempo pra me citar e me fazer inchar de orgulho.

Tá certo que não foi por minhas (in) competências jornalísticas, e sim pela cantoria com que torturava os colegas a cada fechamento.

Mas duvido que vocês não estejam morrendo de inveja!

Marisa

29
jan

Paraíso perdido

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Em 2016, em viagem de férias mochilando por Minas Gerais, tive o prazer de visitar Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, cidade do belíssimo “parque-museu” do Instituto Inhotim, que se tornou parada turística obrigatória desde seu lançamento, em 2006.

O local é, sem dúvida, um dos mais belos espaços de natureza e arte contemporânea do país, verdadeiro museu a céu aberto para todos os públicos, gostos e idades. Tamanha é a beleza natural, com ares futuristas das edificações, que Inhotim se tornou cenário da segunda temporada da série brasileira 3%, da Netflix, justamente como ambientação para o paradisíaco Maralto – a ilha de prosperidade para os 3% da população que “tivessem mérito” para lá estar, fugindo do continente miserável num futuro pós-apocalíptico.

Inacreditável, a realidade muitas vezes se sobrepõe à ficção. Na última sexta-feira, 25 de janeiro, Brumadinho teve seu paraíso natural invadido pela lama da barragem da Vale, em mais um crime ambiental de grandes proporções, apenas três anos depois da tragédia na também mineira Mariana.

A região está devastada, o meio ambiente agonizará por vários meses até que a recuperação tenha início, e levará alguns anos para voltar minimamente ao normal. Se é que voltará: Mariana ainda sofre com os efeitos de sua barragem negligenciada.

Inhotim, por sua vez, está com atividades suspensas e fechado ao público até fevereiro. Sabe-se que a área do instituto está preservada, mas boa parte da estrutura ao redor, incluindo pousadas, não teve a mesma sorte.

À indignação dos brasileiros, soma-se a sensação de impotência por mais um crime ambiental não ter sido evitado. E a esperança de que, quem sabe dessa vez, aprenderemos a lição. Ou reduziremos os riscos de mais barragens estourarem. Assim esperamos. Nosso patrimônio natural e ambiental agradece.

André Nunes

22
jan

Meus melhores livros de 2018

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Eu sei que 2018 já acabou e 2019 já começou com bastante calor, mas como eu passei o ano inteiro falando de livros, não poderia deixar de fazer uma pequena lista das melhores obras lidas, não é mesmo?

Fiquei contente ao perceber que, entre vários projetos, as pessoas colocaram “ler mais” como item da lista pessoal. Garanto que o ano será bem mais leve. Aqui vai minha contribuição. Os 10 melhores livros lidos em 2018!

  1. A Visita Cruel do Tempo (Jennifer Egan)

Surpreendente, A Visita Cruel do Tempo combina diferentes pontos de vista sobre histórias que se entrelaçam de maneiras inesperadas. Ao longo dos sabores e dissabores da vida dos personagens, a autora Jennifer Egan traça um interessante panorama sobre crescimento, perda e ambição e sobre o que acontece entre o que esperamos de nossa vida e o que se torna realidade.

“É essa a realidade, não é? Vinte anos depois, a sua beleza já foi para o lixo, especialmente quando arrancaram fora metade das suas entranhas. O tempo é cruel, não é? Não é assim que se diz?”

  1. Me Chame Pelo Seu Nome (André Aciman)

O filme é bom e o livro melhor ainda. Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera história de paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude.

  1. O Que Deu Para Fazer em Matéria de História de Amor (Elvira Vigna)

Os mesmos fatos. Que mudam, dependendo de como são contados. Pode ser que façam uma história de amor. Do tipo amor total, desses que só se ouve falar. Pode ser que façam a história de um crime. No fim, uma questão de escolha. A narradora deste livro se vê debruçada sobre a vida de duas pessoas já mortas. São lembranças sem importância. Vestígios concretos de uma vida. Elvira Vigna é incrível.

  1. Notes On A Scandal – What Was She Thinking? (Zoe Heller)

Barbara Covett é uma professora veterana de um rigoroso colégio e fica amiga de Sheba Hart, a nova e carismática professora de artes. Barbara descobre que a amiga está tendo um caso com um aluno e começa um jogo de manipulação e obsessão de uma mulher solitária e carente.

  1. Lavoura Arcaica (Raduan Nassar)

André saiu de casa por que era sufocado pelos pais. Anos depois ele cede aos apelos da mãe e volta para casa. Ele irá quebrar definitivamente os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã. Texto forte e difícil de ler.

  1. Incidente em Antares (Érico Veríssimo)

Em dezembro de 1963, uma sexta-feira 13, a matriarca Quitéria Campolargo arregala os olhos em sua tumba, imaginando estar frente a frente com o Criador. Mas logo descobre que está do lado de fora do cemitério da cidade de Antares, junto com outros seis cadáveres, mortos-vivos como ela.

Uma greve geral na cidade, onde até os coveiros aderiram, impede o enterro dos mortos. O que fazer? Os distintos defuntos, já em putrefação, resolvem reivindicar o direito de serem enterrados, do contrário, ameaçam assombrar a cidade. Seguem pelas ruas e casas, descobrindo vilanias e denunciando mazelas. O mau cheiro exalado por seus corpos espelha a podridão moral que ronda a cidade. Maravilhoso Veríssimo. Essencial leitura para os dias de hoje.

  1. Canção de Ninar (Leila Slimani)

Apesar da relutância do marido, Myriam, mãe de duas crianças pequenas, decide voltar a trabalhar em um escritório de advocacia. O casal inicia uma seleção rigorosa em busca da babá perfeita e fica encantado ao encontrar Louise: discreta, educada e dedicada, ela se dá bem com as crianças, mantém a casa sempre limpa e não reclama quando precisa ficar até tarde. Aos poucos, no entanto, a relação de dependência mútua entre a família e Louise dá origem a pequenas frustrações – até o dia em que ocorre uma tragédia. Livro para ler cheio de tensão nas costas.

  1. Desonra (J.M. Coetze)

Conta a história de David Lurie, professor de literatura que é expulso da universidade após ter um caso com uma aluna. Com um ritmo narrativo que magnetiza o leitor, o romance investiga as relações entre uma cultura humanista e a situação social explosiva da África do Sul pós-apartheid. Devastador.

  1. Nada a Dizer (Elvira Vigna)

Nada a Dizer é a história de um adultério, narrada do ponto de vista da mulher traída. No entanto, muito mais do que o inventário de perdas e danos em que costuma consistir esse tipo de relato, o que se encontra é uma investigação minuciosa das motivações de cada um dos envolvidos, bem como uma discussão indireta das possibilidades de entendimento amoroso no mundo urbano contemporâneo.

  1. O Sentido de um Fim (Julian Barnes)

Um homem atormentado por seu passado encontra um fato que o faz repensar sua vida. Tony tenta enfrentar a verdade e assumir a responsabilidade pelas ações que tomou há muito tempo.

Rodrigo de Lorenzi

21
dez

Que venha 2019!

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Encerramos mais um ciclo. Com a sensação de dever cumprido e inúmeras conquistas, viramos a página de 2018 para 2019.

Esse ano conquistamos novos parceiros e consolidamos outros tantos que nos confiam o trabalho de comunicação há anos. Agradecemos por acreditarem em nós e na nossa busca incansável por melhores resultados, pautados na comunicação estratégica, ética e alinhada com os objetivos de cada um dos nossos clientes.

O resultado é fruto da união de uma equipe muito profissional e competente. A Talk tem a felicidade de contar com um time engajado e, neste ano, ganhamos novos integrantes que chegaram à empresa com muitas boas ideias e experiências para serem compartilhadas.

Para o próximo ano estamos estruturando novos serviços. Em breve, anunciaremos as novidades.

Agradecemos a todos os nossos clientes, a parceria dos nossos amigos da imprensa e o apoio de nossas famílias, além da dedicação da nossa equipe. Vocês são fundamentais nessa caminhada.

Um Feliz Natal e um novo ano repleto de realizações!

Beijos,

Aline Cambuy e Marisa Valério

 

18
dez

Qual é o seu lugar preferido no mundo?

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Você já parou para se perguntar qual o lugar de que você mais gosta? E aqui, estou falando de um lugar físico mesmo, não algo mais subjetivo como colo de mãe, sabe?! E convido você à reflexão. Quando buscamos uma lembrança boa, lá no fundo da memória, achamos um lugar. Qual o seu? Você até pode responder nos comentários, mas quero mesmo é que se lembre — porque isso muito provavelmente vai melhorar o seu dia.

Pensou? Pode ser Londres, Paris, Salvador, a cidade em que seu pai nasceu… há lugares que marcam a gente e ficam no coração. Estou sendo meio piegas, eu sei, mas também sei que todo mundo tem seu lugar favorito no mundo. Agora, te faço uma proposta: que tal visitar esse lugar de volta?

Eu vou te contar o meu lugar secreto: Cabo Polônio, no Uruguai – não espalhe, ele é meio desconhecido e é bom que continue assim (sou uma taurina ciumenta). Fui uma vez lá, por acaso, e passei uma noite só. Até hoje me pego lembrando do clima, da areia, do farol, dos lobos marinhos e das dunas que você precisa passar para chegar lá. Ele me cativou tanto, que estou indo novamente para passar mais quatro dias. E olhe que nem sou uma pessoa que ama praia. E se você pensar, essa é a graça de gostar de algo, ou alguém: muitas vezes você não sabe explicar ao certo o que te encantou, mas o encanto existe.

Então desejo que em 2019 você possa voltar ao seu lugar preferido!

Luciana.

7
dez

O tempo é uma beira de estrada

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Desde que me entendo por gente tenho uma imagem mental do calendário, da passagem do tempo. Enquanto o ano avança, é como se estivesse subindo uma ladeira suave e sempre em curva para a direita, de modo que quando chego em dezembro estou de novo no começo do mesmo caminho.

Em julho há uma ponte, e ainda que o mês pertença ao segundo semestre pra mim esse período só começa em agosto. Isso já me criou problemas. Nos tempos de editora executiva em redação de jornal – com mais funções de planejamento do que de jornalismo-raiz – quase perdia a hora para as pautas de balanço e de projeções.

Os feriados são portões de jardim, com portinhas arredondadas ornadas de flores. Uma visão romântica que nem combina comigo, mas foi o subconsciente quem criou, então devo ter uma alminha sentimental perdida aqui por dentro.

Os dias de aniversário das pessoas da família ficam nas margens desse caminho, como se fossem  serzinhos felizes, quase emoticons, embora não amarelos, mas azulados, como um céu com nuvens claras.

Se você chegou até aqui e quer me passar o telefone do psiquiatra, espere mais um pouquinho, só para eu terminar de explicar. Essas imagens me acompanham desde sempre, mas só recentemente tive consciência delas. Foi quando percebi que à medida que o tempo passa vão entrando novos elementos nesse mundo vida loka da minha cabeça.

O tempo é uma beira de estrada e, agora, deram de aparecer umas esquinas e uns atalhos que nunca havia “visto”. Em setembro deste ano, por exemplo, houve uma curva acentuada, em 90 graus, e quando vi estava em outubro. Nem vi direito os portõezinhos dos feriados.

Olho para o calendário de papel e ele segue firme, em branco e marrom, sem se abalar com minhas ideias próprias de como se conta o tempo. Acho que é porque ele conta o tempo que passa e eu vou contando o tempo que falta.

Marisa.

23
nov

Escrita com técnica: 5 dicas para melhorar o seu texto

Escrever textos de alto impacto é uma inquietação que acomete a maioria dos jornalistas, escritores e redatores em geral. As melhores formas de se ampliar a clareza, a fluência, o convencimento, a reprodução e a permanência de um texto são frequentemente abordadas e buscadas em cursos especializados, a exemplo do workshop “Escreva com Técnica“, realizado em Curitiba nesta semana pelo jornalista Rogério Godinho.

Com experiência em redações de grandes jornais e revistas de circulação nacional, Godinho elencou os cinco pontos abaixo como objetivos de um bom texto:

  • Clareza, para uma boa compreensão (que costuma ser atingida por quem tem boa formação universitária em cursos como Comunicação, Letras e Jornalismo);
  • Fluência, para fazer o leitor seguir após o primeiro ou segundo parágrafos;
  • Convencimento, a fim de contribuir para o repertório argumentativo do leitor;
  • Reprodução, talvez um dos objetivos mais buscados, nos compartilhamentos das redes sociais;
  • Permanência, por fim, a característica daquele texto marcante que é lembrado um mês depois, num churrasco de amigos, e talvez até no réveillon do ano seguinte.

Vale sempre recordar, porém, a máxima de Gene Fowler: “Escrever é fácil. Tudo que você tem a fazer é encarar uma folha em branco até gotas de sangue se formarem em sua testa”. Todas essas recomendações precisam ser adaptadas de acordo com sua realidade de escritor. E colocadas em prática.

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Além destes pontos, Godinho elenca em seu workshop outras cinco dicas principais para melhorar nossos textos do dia a dia, seja no trabalho, com clientes ou naquele post do Facebook. São elas:

  1. Estrutura: fazer um esboço daqueles pontos que se pretende trabalhar no texto, seja ele uma postagem ou um artigo. Uma boa estruturação ajuda a não deixar nada de fora, e a elencar a ordem de prioridade de cada argumento, fala de autoridade e dados apresentados.
  2. Ritmo: basicamente, variações entre frases curtas, médias e longas, para não cansar o  leitor. Um texto com bom ritmo não se torna cansativo. Logo, as chances de ser assimilado e compartilhado aumentam.
  3. Repetição e enumeração: repetir uma palavra, ou sentença, é técnica de retórica usada desde os grandes oradores da antiguidade. Enumerar dados, metas ou qualquer outra sequenciação amplia o interesse do leitor em seguir o texto até o fim. Afinal, ninguém para de ler tópicos pela metade. Vale lembrar também da regra de ouro para a maior parte das enumerações: dois é pouco, três e quatro são o ideal, cinco e além podem ser demais.
  4. Uso do vocabulário e sinônimos: essa talvez seja a dica que exija maior esforço e autocrítica. Todos nós temos a tendência de nos repetir, seja com jargões, expressões e mesmo o vocabulário do dia a dia. É um mecanismo cerebral elementar de fazer as sinapses mais curtas, fáceis, à mão. Contudo, isso torna o texto fraco e sua aparência “manjada”. Ampliar o vocabulário, buscar sempre algum sinônimo ou ideia mais ampla são sempre boas indicações. Mas sem abusar da técnica, para não parecer pedante ou professoral.
  5. Polimento: aquele arremate antes da publicação, indo além da revisão comum que checa apenas pontuação e ortografia. Sempre dá para alterar algo e dar um verniz em seu texto, de preferência se deixá-lo “de molho” por algum tempo e retornar com outros olhos…

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André.

9
nov

AS LEITURAS NOSSAS DE CADA DIA #5

Achou que eu não ia falar de livro novamente? Pensou errado! E na próxima vez que eu voltar aqui já será para me despedir de 2018 e fazer uma lista dos melhores livros do ano!

Enquanto isso, que tal aproveitar o feriado da próxima semana para colocar a leitura em dia? Aqui vão algumas dicas.

A Amiga Genial

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Autora: Elena Ferrante
Editora: Biblioteca Azul

A Série Napolitana, formada por quatro romances, conta a história de duas amigas ao longo de suas vidas. O primeiro é narrado pela personagem Elena Greco e cobre da infância aos 16 anos.

Bem, achei uma delícia de leitura e até me vi ali um pouco nas páginas, porém não bateu pra mim. Fiquei bem cansado e demorei semanas pra terminar. Triste, queria ter amado :( Vida que segue.

Nada a Dizer

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Autora: Elvira Vigna
Editora: Companhia das Letras

“Nada a Dizer” é a história de um adultério, narrada do ponto de vista da mulher traída.

Meu segundo contato com Elvira Vigna foi ainda melhor do que o primeiro. “Nada a Dizer” diz tanto. É uma leitura dolorosa e melancólica. Vigna consegue pegar fragmentos de sentimentos difíceis de serem descritos e escreve de maneira delicada e certeira. Um tiro doeria menos.

Reparação

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Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras

Por não entender o mundo adulto da paixão e da sexualidade, Briony Tallis, uma menina inocente que sonha ser escritora, acusa injustamente um amigo de infância de abusar sexualmente de sua irmã.

Só não dou 5 estrelas porque não curto muito as cenas de guerra, esse cenário sempre me cansa, e como o Ian McWan separa uma parte inteira somente para isso, acabei me entediando um pouco, mas é fácil, FÁCIL, 4,5 estrelas e um dos melhores livros lidos no ano. O final é uma das coisas mais brilhantes, bonitas e bem escritas que eu já li. Drama familiar intenso sobre literatura e perdão. Na vida, às vezes, não há como reparar um erro.

A Hora da Estrela

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Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco

Existem tantas Macabéas. Macabéa insiste em viver mesmo num Brasil que insiste em matá-la.

Clarice me deixou destruído e ao mesmo tempo maravilhado. É absurdo como ela consegue colocar dentro de frases curtas tanto, tanto significado. É um soco a cada parágrafo. Que coisa linda.

O Papel de Parede Amarelo

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Autora: Charlotte Perkins Gilman
Editora: Jose Olympio

Uma mulher fragilizada emocionalmente e com depressão pós-parto vai passar uns dias em uma casa afastada da cidade, a pedido do próprio marido, para que possa “descansar”. Só que a mulher é tratada de maneira infantilizada pelo marido machista, pelos familiares e pela sociedade. Aos poucos, ela vai entrando numa paranoia de delírio e obsessões com o papel de parede do quarto onde dorme.

Considerado um clássico feminista, “O Papel de Parede Amarelo” assusta por vermos a mulher sendo subjugada e sua depressão sendo tratada como frescura e besteira. Claustrofóbico e perturbador.

Rodrigo.