Arquivo mensais:outubro 2020

30
out

Cozinhar

brownie-cetogenico

Eu sempre arranjo uns refúgios mentais para não pirar com a realidade da vida, você sabe como é.  Ano passado a literatura me salvou do mais completo surto, e geralmente ela me salva sempre. Mas esse ano, não sei se vocês ficaram sabendo, estamos vivendo uma pandemia. A literatura me ajudou, mas com tanta ansiedade e notícia ruim, foi difícil me concentrar nas histórias. Foi então que eu percebi que outra atividade me acalmava: cozinhar. Não estou falando daquelas comidas rápidas que a gente faz na hora do almoço ou no jantar durante a semana (essas acho que até estressam), mas aquelas refeições um pouco mais elaboradas que te exigem tempo: uma torta, um pão, uma massa, enfim… tudo o que faz você ficar um tempo na cozinha.

Nesses momentos eu percebo que vivo muito bem: coloco um vinho na taça, coloco um fone no ouvido, ligo em um podcast legal e boto a mão na massa. Vivo por umas 2 horas no mais completo prazer e alegria, que é a minha própria companhia. Cozinhar assim exige atenção, mas uma atenção prazerosa, pois faz eu tirar os olhos do celular e dos pensamentos pessimistas. Faz eu perceber como trabalhar com comida é algo poderosíssimo, faz eu pensar que saber cozinhar é algo libertador e faz eu refletir sobre como as pequenas coisas são tão importantes na vida. Acho mesmo que no futuro, quando tudo isso passar, nós lembraremos mais das pequeninas coisas do que das grandes.

Já faz alguns meses que em todo final de semana eu tento fazer alguma coisa legal. Já fiz nhoque (quase me arrependi porque não aguentava mais fazer aqueles formatinhos infernais, mas tudo bem), já fiz bolo de rolo (três vezes, porque achei que arrasei, mas aí enjoei), tortas de frango (várias, acho que enjoei), bolo de chocolate com receita de Chef (descobri que coisas com cacau são saudáveis, mas tão sem gracinha), cookies genuinamente americanos (comi tanto que enjoei), frango empanado com parmesão (ainda estou fazendo, não enjoei) e muito mais.

Eu gosto mesmo é de fuçar receitas difíceis e fazer. Me sinto desafiado e feliz (quando dá errado eu me sinto um lixo e faço de novo, não disse que estou emocionalmente controlado, apenas que tento). O grande problema é que as coisas andam muito caras e o país está em crise. Já viu o preço das frutas? Menina, eu tô abalado. Mas seguimos cozinhando e surtando e seguindo a canção.

Beijos

Rodrigo

15
out

15 de outubro, Dia do Professor

dudu

Sou filha de professora. Minha mãe é apaixonada pelo trabalho dela e dedica horas pesquisando, estudando, preparando aulas e acompanhando os alunos em práticas e projetos que certamente enriquecem muito a formação deles. Médica veterinária por formação que, depois de anos de experiência no mercado, resolveu se dedicar à carreira acadêmica dividindo todo o seu conhecimento e amor pela profissão.

Certa vez ela precisou fazer uma viagem urgente e me pediu para ir até a faculdade “apenas” para aplicar uma prova a uma turma de graduação. A tarefa parecia simples, entregar as provas para uma classe de alunos adultos, esperar que eles as fizessem, recolher as provas e levar pra casa. Mas na frente da turma, ocupando o lugar da minha mãe, me senti desrespeitada. Vi alguns estudantes colando e conversando. Me lembrei dos tempos em que me sentava numa daquelas cadeiras e, provavelmente, muitas vezes não fui a melhor aluna e até devo ter atrapalhado a aula com conversas paralelas. Acho que pela primeira vez me coloquei no lugar do professor e refleti o quão difícil deve ser a missão de ensinar.

Guardo boas lembranças dos meus professores. Muitos deles foram verdadeiros mestres e contribuíram demais na minha formação profissional e pessoal. Tive exemplos que foram verdadeiras inspirações e que me impulsionaram a seguir em frente com amor e dedicação. Muito obrigada.

O que dizer então dos professores dos meus filhos que, por conta da pandemia, precisaram se reinventar de uma hora pra outra? Eles se adaptaram, buscaram alternativas, foram criativos e seguem trabalhando duro para manter o interesse dos alunos nas aulas online. Esses dias meu filho mais velho, que cursa Enfermagem, estava em uma aula prática de obstetrícia. Na tela do computador, a professora se passava pela gestante sentada em uma bola de pilates. Achei demais!

O caçula está apenas no segundo ano do fundamental e faz as aulas online ao meu lado, enquanto eu trabalho. Diversas vezes preciso colocar fone de ouvido para me concentrar. As crianças falam todas ao mesmo tempo. Eles têm milhares de perguntas, gostam de comentar, falar sobre assuntos que não têm nenhuma relação com a aula e até colocar fundos de tela temáticos enquanto a professora fala. Sempre penso “Essa professora é incrível. Eu no lugar dela já teriam mandado todos desligarem os microfones.” Tá certo que algumas vezes ela pede gentilmente que eles façam isso, mas sempre dedica parte da aula para bate-papo ou brincadeiras, afinal, eles são crianças e estão com muita saudade dessa sociabilização com os colegas de turma.

Por tudo isso e muito mais, pois poderia passar horas aqui elogiando os professores, meu sincero reconhecimento. Vocês são profissionais admiráveis e peças fundamentais para o desenvolvimento de cada um de nós. Muito obrigada.

Feliz Dia dos Professores!

Beijos,

Aline Cambuy