Arquivo mensais:maio 2013

27
mai

O peixe na redação

peixe Esta é da época em que ter telefone em casa era símbolo de status. Estava cobrindo um plantão de sábado sem muito assunto na editoria de Economia e fui incumbida de produzir uma matéria sobre uma feira que estava rolando numa rua próxima à redação. Detalhe que naquele tempo não se buscava informação na Internet – porque a ferramenta simplesmente não existia – e tampouco se costumava fazer entrevista pelo telefone – o papo das linhas caras e escassas que citei lá em cima acontecia até mesmo nos jornais.

Fomos andando até a tal feira, eu e o fotógrafo, suando debaixo de um calor absurdo de verão. Artesanato, biscoitos, aumento no preço, impostos, governo que não ajuda, crianças, caldo de cana, pastel, peixe. O dono da barraca, encantado com a ideia de poder embalar seu produto do dia seguinte com sua foto no jornal, presenteou a equipe de reportagem com tilápias frescas.

Já era perto da hora do almoço quando comecei a escrever a matéria. Ajeitei a máquina de escrever, acendi meu cigarro Free, fingi não ouvir o barulhão dos aparelhos de Telex postados no balcão atrás da minha mesinha. Um a um, os colegas iam chegando de suas respectivas entrevistas. Alguém ligou o ventilador. Flagrei um repórter discretamente conferindo se o desodorante estava vencido. E o cheiro da minha tilápia, dentro daquela sacola plástica que antigamente não rasgava fácil, nunca foi citado naquele quente plantão de sábado.

Beijos,

Karin Villatore

22
mai

O mundo pelas crianças

É sucesso no Facebook. Um professor colombiano passou dez anos coletando definições de alunos e, como resultado, obteve um dicionário com verbetes pra lá de interessantes. São definições que nos fazem refletir sobre a importância da inocência.
Para quem ainda não viu, vale a pena dar uma olhada:

Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos);

Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos);

Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos);

Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos);

Camponês: Um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos);

Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos);

Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos);

Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos);

Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos);

Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos);

Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos);

Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos);

Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos);

Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos);

Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos);

Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos);

Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos);

Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos);

Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos);

Universo: Casa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos);

Violência: Parte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos).

Fonte: livro Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças, de Javier Naranjo.

Thalita Guimarães

14
mai

Vida de assessor de imprensa

assessoria-de-imprensa_foto1 Para quem não entende como é a vida de um assessor de imprensa vou fazer um breve relato sobre esta rotina de trabalho que, muitas vezes, não é fácil. Logo pela manhã o assessor chega à agência com toda aquela expectativa de ver publicada no jornal a matéria que estava negociando há dias com um jornalista. Mas nesse momento já bate aquele desespero, pois a matéria não saiu. O que fazer nessa hora de aflição?

Primeiro você espera passar o ataque cardíaco que está tendo e respira profundamente para manter a calma. Como todo bom assessor, pensa em diversas maneiras de falar com o jornalista. Afinal, ele é uma pessoa bacana e você não quer ser aquele sujeito inconveniente que fica ligando todo dia. Por fim, decide esperar mais alguns dias, pois pode ser que o editor segurou a matéria para publicar. Então, passam os dias e nada. Enquanto isso, o cliente já está perguntando sobre a matéria. Não tem jeito: você tem que ligar e ouve que a pauta foi derrubada sabe-se lá por que. Essa é pior resposta que poderia receber. Você tinha apostado tudo nessa matéria e não vai sair e, ainda, vai ter que explicar ao cliente que, com certeza, não vai entender os motivos – no fundo nós também não entendemos, mas vale a política da boa vizinhança.

E não para por aí. Às vezes, tem que aquela pauta sensacional que você tem certeza de que todos os veículos vão querer usar e, no dia em que divulga para a imprensa, acontece um fato bombástico, daqueles que na redação só fica a recepcionista atendendo telefone e o estagiário anotando recado. Tipo coisa de outro mundo mesmo, e você acaba de perceber que já era a sua pauta, pois aquela semana todos os jornais só vão falar daquele assunto. Resumindo, você vai ter que pensar em outro tema mais sensacional ainda para conseguir emplacar alguma coisa.

Também tem aquelas situações em que você consegue a entrevista do ano, o jornalista adorou sua sugestão e vai fazer a matéria para o Jornal Nacional. Imagina um assessor que não se contenta de tanta alegria, o mês está ganho. Mas surge a informação de que a produção do jornal vai querer gravar a matéria no domingo de manhã (é trágico, mas acontece) e de maneira alguma consegue convencer o cliente a participar. Pense numa situação totalmente frustrante, pois é essa. Depois você assiste à matéria que ficou enorme, teve chamada no início do principal jornal do país e a pauta era você que tinha sugerido, mas foi feita com outro entrevistado.

Mas nem só de tristeza vive o assessor. Às vezes, acontece de a gente receber uma ligação inesperada da Folha de S. Paulo, por exemplo, querendo fazer uma pauta que você nem esperava mais ter retorno. A matéria sai perfeita com o nome do cliente e da empresa dele. E são nesses momentos que você percebe como tudo isso vale a pena.

Luanda Fernandes

9
mai

Educação é tudo

A falta de educação das pessoas ainda me impressiona. Li ontem que quatro brasileiros foram algemados e presos pela polícia americana dentro de um Boeing 777-200, na pista do aeroporto de Miami, quando protagonizaram uma briga com socos e golpes dignos de uma luta de UFC dentro do voo 995, que fazia o trajeto Miami-São Paulo.

Tudo começou quando o avião decolou de Miami com destino a São Paulo e foi obrigado a retornar para socorrer uma passageira, também brasileira, que passava mal. Quando a aeronave estava no solo, entraram paramédicos, bombeiros e policiais para prestar atendimento à mulher e, nesse momento, dois jovens com idade entre 20 e 25 anos reclinaram seus assentos e acabaram acertando a cabeça da passageira que estava no banco de trás, deitada no colo do marido. O homem não gostou e se levantou para tirar satisfação. Começou, então, uma gritaria dentro do avião. Um terceiro rapaz, que estava sentado numa poltrona mais à frente, saiu correndo pelo corredor e deu um soco no rosto do homem que havia reclamado.

Enfim. O que me deixa extremamente indignada é que a pessoa acerta o rosto de outra que está passando mal e se acha no direito de brigar. Pior que isso, acaba envergonhando todos os brasileiros que certamente estavam no avião e que viram a cena desnecessária. Não sei o que se passou na cabeça destes cidadãos na hora, mas não é porque está voltando de um voo de Miami que se pode tudo. Aliás, hoje em dia qualquer um pode viajar para qualquer lugar. Tem promoções, passagens parceladas e albergues à disposição de todos os interessados.

A falta de educação me choca em qualquer lugar e em qualquer situação. Não importa se você tem dinheiro, se não tem, se acha que está certo ou se está de TPM. Você não tem direito de destratar quem quer que seja, independentemente da situação. Infelizmente, muitos ainda precisam aprender esta lição.

Thalita Guimarães

7
mai

Inspiração da Semana

Desde o final de abril estamos fazendo uma ação na fanpage da Talk -http://www.facebook.com/TalkAssessoriaDeComunicacao – chamada “Inspiração da Semana”. Ela rola todas as segundas-feiras e conta um pouco sobre algum cliente aqui da agência.

Quando começamos a bolar esta ação foi que me dei conta, assim de um jeito mais concreto, sobre o privilégio que temos em conviver com pessoas tão legais por aqui. Tivemos até dificuldade em selecionar quem ficaria de fora da lista e muita gente para lá de bacana acabou sendo cortada porque senão a ação nunca terminaria.

Nestes anos de Talk acabei virando praticamente uma fã de muitos dos clientes e tento usar essa turma do bem como espelho, observar as atitudes deles e aprender ao máximo o que cada um tem de melhor. Com essa prática, o que percebi serem as características comuns aos que mais me impressionam: inteligência arrebatadora, uma vontade enorme de ajudar as outras pessoas, coragem e humildade. Eles me inspiram na semana e sempre.

Beijos,

Karin Villatore